Ensino inclusivo da Física é abordado em pesquisa do edital Prociência

Ensino inclusivo da Física é abordado em pesquisa do edital Prociência
fevereiro 05 14:42 2015

fisicaA discussão sobre a inclusão escolar é objeto de interesse em muitos países. No Brasil, a política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva assegura a toda criança o direito de frequentar escolas regulares. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LBD) preconiza que deve ser estabelecida uma organização específica para atender às necessidades dessas crianças e jovens, por meio de currículos, métodos, técnicas e recursos educativos, e que os professores do ensino regular devem ser capacitados para a integração desses alunos nas classes comuns.

Mas ensinar disciplinas em que as percepções sensoriais, como a visual, são muito exploradas em sala de aula é um grande desafio, hoje, para os docentes. É dentro deste contexto que se situa a pesquisa desenvolvida pelo Prof. Belmiro Ferreira dos Santos, intitulada:  “Ensino de Física e Deficiência Visual: Atividades que abordam os fundamentos da Eletricidade“.

O projeto, apoiado pela FAPEMA por meio do edital Prociência nº 023/2013, volta-se para o processo de ensino–aprendizagem de estudantes portadores de deficiência visual na área de Física. A pesquisa tem sido aplicada com alunos do Ensino Médio do Colégio Universitário – COLUN.

“Um dos maiores desafios do Ensino de Física na perspectiva inclusiva é sua aplicação aos estudantes portadores de deficiência visual. Compreender os fundamentos da Física é difícil até para os estudantes videntes, pois, de modo geral, as escolas públicas não possuem laboratórios de Física ou de Ciências, ou o professor não está habilitado para trabalhar no laboratório, desta forma, ensina-se Física utilizando principalmente as ferramentas da matemática, como equações, fórmulas, resoluções de exercícios, dentre outros”, atesta o professor.

Belmiro Ferreira conta que desde 2010 o COLUN vem matriculando estudantes portadores de necessidades especiais, e ele foi o primeiro professor de Física da instituição a enfrentar o desafio de ensinar a disciplina para esses alunos, sem dispor de material adequado, como apostilas em braile. 

“Em 2012, percebi que estava no terceiro ano consecutivo trabalhando com estudantes deficientes visuais e não tinha nenhum material concreto que pudesse ser reutilizado em anos posteriores. Foi, então, que iniciei o projeto “O Ensino de Física e a Deficiência Visual ou Baixa Visão: Atividades que abordam os conceitos da Cinemática Vetorial”, aprovado pela FAPEMA no mesmo ano. Desse projeto resultaram vários materiais, como duas apostilas impressas em braile – Cinemática Escalar e Cinemática Vetorial, que foram entregues aos estudantes e na biblioteca da escola”, disse o professor, explicando as condições que o levaram a trabalhar nessa linha de pesquisa.

Agora, com um novo projeto fomentado pela Fundação, o professor produziu materiais de uso pedagógico sobre Eletrostática e Eletrodinâmica. Ele expõe a metodologia utilizada na pesquisa.

“Como a turma é mista e regular, aplicamos o mesmo método para toda turma, ou seja, segue-se o Plano de Ensino da Série. Para cada capítulo foi elaborado material impresso em braile, confeccionando-se recursos pedagógicos, com o objetivo de demonstrar os gráficos, figuras das representações dos fenômenos, leis e as diversas fundamentações teóricas e práticas, todos os materiais confeccionados em alto relevo, com cores vibrantes para o manuseio tátil de estudantes portadores de deficiência visual, visão subnormal e alunos videntes”.

Belmiro avalia que já é perceptível um progresso significativo na aprendizagem desses estudantes. “Verificamos através das atividades experimentais e resolutivas, maior participação, interação e melhores rendimentos nas avaliações. Todos os estudantes cegos matriculados ao longo desses anos cursaram o Ensino Médio e ao final fizeram as provam do ENEM e obtiveram os pontos necessários para ingressar em cursos de graduação”, orgulha-se o professor.