Pesquisa analisa as estratégias eleitorais do Governo Collor

Pesquisa analisa as estratégias eleitorais do Governo Collor
julho 25 18:05 2013

collor

Em tempos de manifestações populares que explodem em todo o Brasil e prometem entrar para a história do país, a historiadora Monica Piccolo Almeida está desenvolvendo a pesquisa “Governo Collor e a Consolidação do Neoliberalismo no Brasil (1989-1992)”, que busca analisar as estratégias eleitorais e as políticas públicas de Fernando Collor para a consolidação do discurso e da prática neoliberais no Brasil.

Com o estudo, Picollo pretende reacender uma discussão que vem permeando os debates históricos há algum tempo sobre as razões que poderiam justificar a inserção no campo histórico de períodos mais recentes como objetos passíveis de um olhar e de uma abordagem científica. “Há muito, o campo de atuação do historiador tem tido como lócus privilegiado o chamado passado mais recuado, distante temporalmente do historiador”, explicou.

A proposta da historiadora é investigar de que forma a chamada história mais contemporânea poderia deixar de ser uma exclusividade dos cientistas políticos e sociólogos e passasse a ser objeto de preocupação também dos historiadores e, ainda, conciliar uma produção histórica onde o objeto do historiador e sua própria trajetória estariam imbricados. “O que temos percebido é que tais indagações têm sido respondidas de maneira afirmativa, pois uma abordagem centrada em períodos mais recentes encontra-se presente na produção de historiadores consagrados que, até então, vinham centrando seus estudos em momentos históricos mais recuados, como a Revolução Francesa, o século XIX e o próprio período medieval, por exemplo”.

Para Picollo, esse processo de renovação diz respeito à compreensão de outras questões de fundamental importância neste movimento de aproximação cronológica entre o historiador e seu objeto. “Por um lado, temos a reabilitação do caráter científico e histórico da História Contemporânea e, de outro lado, a construção de um entendimento outro acerca das relações entre o passado e o presente”, justificou.

A historiadora explica que a justificativa da pesquisa vai além da escassez da produção no campo historiográfico, já que grande parte das obras publicada sobre o período encontra-se nas áreas da Ciência Política e da Comunicação ou são obras jornalísticas. “Há a necessidade de entendermos as origens do legado de um brutal processo de privatização, de uma intensa reestruturação administrativa, de um vasto movimento de financeirização e de um enorme e desmesurado ritmo de precarização social que houve nesse período”, concluiu.