Projeto divulga a ciência na zona rural

Iniciado em 2017, o projeto #CiênciaÚtil já atingiu mais de 2 mil pessoas no Médio Mearim

Projeto divulga a ciência na zona rural
janeiro 14 12:09 2020

Estimular crianças e jovens a buscar aprendizagem ligada à carreira científica e à tecnologia e contribuir para a redução do distanciamento entre esse conhecimento e as comunidades socialmente excluídas. Esse é um dos objetivos do projeto #CiênciaÚtil concebido por professores e pesquisadores do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ensino de Ciências da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus Bacabal, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

O projeto surgiu, em 2017, com a participação do grupo na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo tema foi “A matemática está em tudo”. Desde então, o projeto vem promovendo várias atividades de divulgação científica nas áreas de ciências, matemática e tecnologias sociais assistidas.

“É urgente formar cidadãos capazes de desenvolver raciocínio lógico e de fazer conexões entre os conteúdos estudados e a sua realidade”, afirma a pesquisadora da UFMA Regina Célia de Souza.

Graduada em Física, com doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos, ela ressalta ser necessário que todos saibam “questionar, refletir e debater múltiplos temas para participar efetivamente das decisões na sociedade”.

Em três anos, o projeto já atingiu mais de duas mil pessoas em escolas públicas em áreas quilombolas e ribeirinhas nos municípios de Bacabal, Lago do Junco, São Luís Gonzaga, Satubinha e Pio XII. “A população reconhece a importância do conhecimento científico e tecnológico, mas não busca o acesso a esse conhecimento”, afirmou.

“Torna-se urgente o incentivo a atividades de divulgação científica para popularizar a ciência e tecnologia, principalmente em escolas e comunidades rurais pois são, tradicionalmente, as menos assistidas”, ressaltou.

Oficinas com práticas experimentais, construções de artefatos e jogos, mostra fotográfica e exibição de vídeos foram algumas das atividades realizadas nesses encontros, envolvendo cerca de 10 professores pesquisadores e 15 alunos monitores a cada ano.

Confira algumas oficinas ministradas:

– Papel reciclado (aborda conceitos químicos, meio ambiente e biologia)
– Tinta da terra (conceitos de química, física, biologia e matemática)
– Fogão e desidratador de frutas solar (física, biologia, matemática, meio ambiente)
– Parasitoses humanas (saúde)
– Descobrindo o mundo microscópico: a importância da água (saúde, física e biologia)
– Matemática concreta por meio de jogos (matemática)
– Música, física e matemática: um trio do barulho (física, matemática, biologia, geografia e arte)
– Uso de biofertilizante líquido e caldas naturais na nutrição de plantas e controle de pragas e doenças (biologia, química, saúde e meio ambiente)
– Economia doméstica e entendendo a conta de energia (matemática, educação financeira, física)

Avaliação do projeto
Na avaliação da professora Regina, o projeto resultou na participação efetiva da comunidade escolar e de comunidades vizinhas às Escolas Família Agrícola (em sua maioria representada por pequenos agricultores familiares) na mudança na prática pedagógica de alguns professores, com o uso da experimentação no processo de ensino e aprendizagem de conceitos científicos e tecnológicos.

Nesses três anos, “houve o crescimento no nível de consciência da relação entre ciência, tecnologia, sociedade e meio ambiente, acompanhado de crescimento profissional e pessoal da equipe executora”, avaliou.

“Também conseguimos a inserção precoce de estudantes licenciandos, como monitores, em futuros campos de trabalho, o que tem fomentado a criação de um vínculo a ser desenvolvido e consolidado ao longo da graduação desses estudantes”, prosseguiu.

O projeto tem, ainda, proporcionado uma visão crítica da ciência. “É importante que o cidadão tenha, também, consciência de que a ciência e tecnologia não produzem somente benefícios, mas podem produzir prejuízos, como a contaminação do ar, solo e água por processos industriais e defensivos agrícolas, por exemplo”, prosseguiu.

Novas ações
O projeto irá prosseguir, neste ano, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) na microrregião do Médio Mearim, com a interação com novas escolas e outros municípios.

De acordo com a pesquisadora Regina Célia de Souza, serão buscadas novas parcerias com professores e escolas, com o propósito de atender, no mínimo, anualmente, quatro municípios e seis escolas. “Temos a meta de elaborar material didático pedagógico de apoio ao professor no uso sistemático das atividades de experimentação”, afirmou.

“Temos o desafio de conseguir recursos financeiros suficientes para manter a atuação média alcançada pelo projeto nos últimos três anos”, prosseguiu a professora. “Pretendemos, ainda, firmar parcerias efetivas junto às secretarias de educação dos municípios contemplados”, finalizou.

Fotos: arquivo do pesquisador