SBPC: pesquisador do IFMA estuda materiais que vão revolucionar armazenamento de dados

julho 30 18:08 2010 por Ivanildo Santos

As investigações do pesquisador Fábio Sales, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), estão comprovando que materiais de terra rara, em especial o disprósio, possuem maior capacidade de armazenamento de dados. Os resultados preliminares da pesquisa de doutorado foram apresentados na Sessão de Pôsteres da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece até hoje (30).

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e realizado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e uma universidade do Texas/EUA, o estudo terá impactos na indústria de gravação e leitura de mídias eletrônicas, ao introduzir uma tecnologia de menor custo e melhor desempenho.

Atualmente, a magnetoeletrônica e a microeletrônica utilizam metais pesados para construir os equipamentos de armazenagem de dados. Os novos materiais, apesar de serem difíceis de encontrar na natureza (por isso, chamados materiais de terra rara), já têm seu manejo dominado pela ciência, podendo ser produzidos em laboratório, com reações químicas. 

“Nos materiais encontrados no mercado, precisamos aumentar e depois reduzir a temperatura, para poder armazená-los. Nesses novos materiais, encontramos a possibilidade de trabalhar em temperatura ambiente”, destacou o pesquisador, sobre as vantagens para a indústria.

Mas o principal atrativo dos materiais de terá rara está em propriedades magnéticas diferenciadas. “Os materiais magnéticos clássicos são feitos, normalmente, na posição horizontal e a armazenagem ocorre na superfície deles. Nos novos materiais, os dados podem ser armazenados em várias direções”, frisa o pesquisador.

Geladeira magnética

Segundo projeções de Fábio Sales, essa nova tecnologia deve tornar possível, também, que geladeiras magnéticas cheguem ao mercado em até 10 anos. A refrigeração magnética é menos poluente do que o resfriamento por compressão-descompressão feito a partir do gás freon (composto de cloro, flúor e carbono). Esses gases são apontados como maiores responsáveis pela destruição da camada de ozônio.

Nas geladeiras magnéticas, esses gases poluentes são dispensados. O processo é baseado em um composto magnético que, ao entrar em contato com outro campo, emite calor e o absorve quando removido. “Esse método está se tornando viável com o conhecimento desses novos materiais”, ressaltou o pesquisador.