Série “Mulheres de Ciência” para reverenciar o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres

Série “Mulheres de Ciência” para reverenciar o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres
março 06 09:53 2018

Zulene Muniz Barbosa

Tem doutorado em Ciências Sociais – Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). É mestre em Políticas Públicas e graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). É vice-coordenadorado Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional (PPDSR), coordenadora do Grupo de Pesquisa de Desenvolvimento Política e Trabalho (GEDEPET), pesquisadora do Núcleo de Ideologia e Lutas Sociais (PUC/SP/NEILS). Atua na área da Ciência Política com ênfase em teoria política e sociologia do trabalho.

“De modo geral, a ciência sempre foi considerada uma atividade a ser realizada pelo sexo masculino. Esta não seria, portanto, própria ao universo feminino. Nesse sentido, ao buscar as suas bases de legitimação, a mulher fica à margem da institucionalização da própria ciência. É fato que, no século XX, houve diversas contribuições de mulheres, nessa área. Entretanto, o viés sexista e biologizante as tornaram invisíveis. E, apesar dos avanços, a ciência e a tecnologia ainda estão muito associadas ao universo masculino. De modo que, uma maior inserção das mulheres nessas atividades exigirão mudanças estruturais, inclusive na própria cultura. No Brasil, a luta do feminismo pela democratização do espaço público e da educação pública foi um fator decisivo, porque permitiu às mulheres ascenderem em carreiras universitárias, alterando profundamente o perfil da universidade pública. Isso porque, ao mesmo tempo, trouxe alteração no mercado de trabalho acadêmico, com uma participação mais expressiva das mulheres na graduação e na pós-graduação e, consequentemente, na produção científica. Esse fator, por outro lado, facilitou a entrada de mulheres como pesquisadoras na administração e/ou burocracia estatal, a partir das agências de fomento. Outro elemento importante foi a categoria analítica de gênero que, acionada pelos movimentos de mulheres, tem contribuído para produzir recursos estratégicos para a luta política, principalmente a ideia de perceber as diferenças, mas com igualdade de direitos entre homens e mulheres, ampliando, assim, a  conexão entre mulheres, gênero e trabalho. As barreiras ainda são imensas. Basta ver que os postos de decisões políticas na área da ciência e tecnologia ainda são dominados por homens: sejam as reitorias, as pró-reitorias, a composição dos conselhos superiores das mais variadas agências de fomento, os comitês assessores, enfim, permanece uma ciência e tecnologia ainda muito associadas ao sexo masculino, o que implica dizer que o modelo patriarcal resiste em sair de cena. Superar essa realidade impõe vários desafios como o da imbricação classe e gênero que, no meu entender, é uma estratégia fundamental quando se trata de pensar a emancipação de mulheres e homens.  Deve-se considerar, como enfatiza Renata Gonçalves (2001), a importância das relações de gênero para as lutas sociais, e que a dominação capitalista de classe se reproduz, produzindo e reproduzindo “diferenças” que, no fundo, reforçam preconceitos, inclusive de gênero”.