Agricultura deixou ossos do homem moderno menos densos
O homem moderno perdeu 20% da densidade óssea nas extremidades inferiores desde o aparecimento da agricultura, há 12 mil anos, afirmaram cientistas que explicam este fenômeno pelo sedentarismo motivado por este estilo de vida.
Até então e durante milhões de anos antes, os humanos e seus antepassados viviam da caça e da coleta, atividades que exigiam maior atividade física.
Os caçadores-coletores de 7.000 anos atrás tinham ossos e articulações (quadris, joelhos e tornozelos) tão sólidos quanto os dos neandertais, um primo desaparecido há 28.000 anos, e inclusive como os do chimpanzés, um ancestral distante. A pesquisa foi publicada na edição desta semana da revista da Academia Americana de Ciências, a “PNAS”.
Homem frágil
Em comparação, os “agricultores” que viviam nas mesmas regiões há 6.000 anos têm ossos significativamente menos densos e mais frágeis.
“Trata-se do primeiro estudo sobre o esqueleto humano que revela uma diminuição significativa da densidade óssea nos seres humanos modernos”, disse um dos coautores, Brian Richmond, curador da divisão de antropologia do Museu Nacional de História Natural de Washington e professor da Universidade George Washington.
Para o estudo, os autores usaram escâneres para medir a densidade do tecido ósseo esponjoso em 59 humanos modernos, 229 primatas como os chimpanzés, assim como em ossadas fossilizadas de hominídeos como o Australopithecus africanus, o Paranthropus robustus e os neandertais.
Os resultados mostram que só os humanos modernos recentes têm pouca densidade nos ossos, que é particularmente pronunciada nas articulações dos membros inferiores. “Esta mudança anatômica tardia na nossa evolução parece ter resultado da transição de uma vida nômade a um modo de vida mais sedentário”, concluíram os cientistas.