Novo cimento ósseo aprimora tratamentos da coluna para pacientes com osteoporose

osteoporose
Por Ivanildo Santos 7 de janeiro de 2010

Quando a dor é demasiada para quem sofre de fraturas na coluna por causa da osteoporose, geralmente há duas opções: repouso na cama (frequentemente combinado com uma cinta de proteção e analgésicos) ou um procedimento controverso conhecido como vertebroplastia, que envolve injeções de cimento ósseo. osteoporose

Na vertebroplastia o cirurgião utiliza uma agulha oca para injetar uma substância semelhante a um cimento, em geral polimetil-metacrilato (metacrilato de metila) ou PMMA, em todas as rachaduras ou fraturas encontradas na coluna vertebral. Embora a osteoporose enfraqueça os ossos do corpo todo, a vertebroplastia é utilizada exclusivamente para o tratamento de problemas na coluna. O cirurgião usará também um fluoroscópio, que é composto por um aparelho de raios X e uma tela fluorescente, para monitorar a localização da agulha no interior do corpo e garantir que o selante seja injetado no local adequado.

Ambas as abordagens para reduzir a dor decorrente de fraturas vertebrais por compressão, uma condição que afeta cerca de 1,4 milhão de pessoas no mundo – sendo mais da metade dos casos nos Estados Unidos – têm seus críticos e simpatizantes.

Os defensores do repouso observam que as fraturas na maioria dos pacientes curam sem necessidade de qualquer tipo de procedimento médico, embora isso possa levar várias semanas. Consideram a vertebroplastia um tratamento no mínimo desnecessário e que pode na verdade enfraquecer o osso em torno da região tratada com o cimento. Dois estudos publicados no New England Journal of Medicine (NEJM) apoiam esse ponto de vista, destacando que participantes de um estudo tratados com vertebroplastia não sentiam menos dor que participantes que receberam um tratamento placebo, em que nenhum cimento ósseo foi injetado na coluna.

Em um dos estudos, 131 pacientes que sofriam de fraturas vertebrais osteoporóticas por compressão passaram por uma vertebroplastia ou a simulação desse procedimento, onde o cimento ósseo não foi efetivamente utilizado. Para surpresa dos pesquisadores, os dois grupos de pacientes apresentaram melhora imediata após o procedimento. “Minha impressão é que a vertebroplastia está sendo usada em demasia agora”, observa David Kallmes, professor do departamento de radiologia da Clínica Mayo, que participou do estudo, embora ele acrescente que também realiza o procedimento. Uma das suas preocupações, baseada num estudo realizado pela Clínica Mayo em 2006, é que as vértebras adjacentes às fraturas tratadas com cimento ósseo tendem a fraturar significativamente mais cedo do que as vértebras mais afastadas.

Outros se preocupam com o uso do PMMA, plástico transparente que também é um ingrediente do Plexiglas e Lucite em acrílico (vidros acrílicos comumente usados como substitutos inquebráveis para o vidro), utilizado para fazer as superfícies de banheiras, pias e peças conjugadas de banheira e chuveiro, entre outras coisas. Embora complicações em vertebroplastias sejam extremamente raras, há o perigo de vazamento do cimento para fora da área vertebral causando infecção, hemorragia, dormência e outros problemas.

Apesar dessas preocupações, outros médicos veem vários benefícios na vertebroplastia. Os estudos publicados no NEJM fornecem “um bom material para a reflexão que ajudará na elaboração de uma análise mais estratégica de quando realizar uma vertebroplastia”, observa Bernard Clark, neurocirurgião do Centro Médico King\\’s Daughters, em Ashland, Kentucky. Entretanto sua experiência na realização do procedimento nas últimas décadas tem se mostrado eficaz em fornecer alívio mais rápido para a dor que repouso e analgésicos, especialmente para pacientes que sofrem de câncer metastático de outras partes do corpo que invadem a coluna. A vertebroplastia é eficaz em “acelerar o alívio da dor”, acrescenta.

Em junho uma nova substância a ser usada na vertebroplastia recebeu aprovação da Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos e pode alterar significativamente a discussão: o Cortoss, composto para aumento ósseo desenvolvido nos últimos 14 anos pela Malvern Inc., Orthovita, sediada na Pensilvânia, é uma pasta branca perolada que a empresa afirma ter a capacidade de fortalecer os ossos ajudando-os a produzir fosfato de cálcio.

Embora a publicação dos artigos no NEJM tenha coincidido com uma queda no preço das ações da Orthovita, Theodore Clineff, vice-presidente de pesquisa e desenvolvimento de produtos da empresa, destaca que os estudos testaram PMMA, não Cortoss.

Bernard usou Cortoss para realizar vertebroplastias em seis pacientes e acredita ser mais seguro que o PMMA, que pode ser tóxico se utilizado em demasia. O Cortoss também é geralmente mais caro que o PMMA. Considerando que uma vertebroplastia típica pode custar entre US$ 2.000 e US$ 5.000, as realizadas utilizando-se Cortoss tendem a estar no ponto mais alto dessa escala. Clark observa que o custo do Cortoss é várias vezes superior ao do PMMA.

A Orthovita reconhece que o Cortoss geralmente custa mais que o PMMA por unidade, mas acrescenta que o Cortoss reduz o risco de refratura subsequente comparado com o PMMA, o que significa que pacientes com osteoporose precisariam de menos tratamentos ao longo do tempo.

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