FAPEMA amplia debates sobre violência de gênero apoiando pesquisas com a temática
A Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) se mostra atuante no apoio científico voltado à temática da violência contra a mulher. Ao longo dos últimos anos, foram mais de 480 pesquisas relacionadas ao tema, sendo mais de 100 tratando especificamente de violência contra a mulher. Por meio de editais e incentivo a pesquisas acadêmicas, a instituição contribui diretamente para informar, levar conhecimento e somar à rede de proteção às vítimas. Neste Agosto Lilás, em que se reflete sobre a violência de gênero, a FAPEMA avança na promoção de estudos que geram impacto social e elevam a luta por direitos e mais respeito às mulheres.
Um apoio para além do incentivo à pesquisa e que coloca a instituição como importante agente de transformação social, observa o presidente da FAPEMA, Nordman Wall. “Ao apoiar pesquisas sobre a violência contra a mulher, estamos contribuindo para dar visibilidade ao problema, para maior compreensão e estimulando a promoção de estratégias mais eficazes de enfrentamento. É nossa missão incentivar o conhecimento que promova justiça social”, afirmou Nordman Wall.

Os estudos abordam desde os impactos físicos e psicológicos da agressão, até o papel das instituições públicas na garantia da efetividade da Lei Maria da Penha, mostrando a necessidade de enfrentamento, em múltiplas frentes. Entre os trabalhos apoiados, o da pesquisadora Ana Catarina Muniz Pereira, intitulado ‘Mulheres e relações violentas: Um estudo do dispositivo amoroso de mulheres brasileiras em São Luís-Maranhão’. O estudo traz um olhar sobre os danos emocionais e psicológicos, causados em relações abusivas e aponta a importância da atenção à saúde mental no acolhimento às vítimas.
Ela conta que a pesquisa surgiu da necessidade de compreender a violência doméstica para além das estatísticas, mas, a partir das histórias das mulheres maranhenses. “Analisamos a violência como um processo relacional, sustentado por afetos, culpas, idealizações e valores patriarcais. Situações que naturalizam desigualdades e moldam subjetividades femininas, especialmente através do ‘dispositivo amoroso’, que valoriza a entrega e a permanência em uma relação, mesmo diante do sofrimento. Concluímos que, o amor romântico, como construído culturalmente, muitas vezes encobre e perpetua esta violência”, aponta Ana Catarina Pereira.

A violência racial e o papel da mídia são abordados por Isabel dos Santos Andrade, na pesquisa ‘Os dados registrados, os corpos marcados e casos (in)visibilizados têm cor: Violência contra mulheres negras presentes nas mídias, no tempo presente, no Nordeste, entre 2010 e 2020’. O estudo analisa como a imprensa digital no Nordeste retratou a violência contra mulheres negras, mostrando o racismo estrutural presentes na cobertura midiática.
“Esta pesquisa propõe analisar os casos, por meio de dados das mídias digitais, referenciais teóricos da história, sociologia e antropologia para identificar padrões como perfil dos agressores, tipos de violência e motivações. Diante disso, destacamos a urgência de políticas públicas interdisciplinares que enfrentem os casos visíveis, as raízes históricas e culturais da desigualdade racial e de gênero, que são agravadas pela falta de acesso a serviços essenciais”, aponta Isabel Andrade.

Já na área da saúde, o trabalho de Marina Nascimento Dantas, ‘Prevalência dos traumas bucomaxilofaciais em mulheres vítimas de violência doméstica’, expõe as consequências diretas da agressão sobre o corpo das vítimas. A pesquisa aponta a necessidade de uma atuação mais integrada, entre os serviços de saúde e a rede de proteção. O estudo está na etapa de análise de dados, obtidos no Instituto Médico Legal de São Luís (IML).
“Esta análise irá dimensionar a frequência dos traumas, compreende sua gravidade, localização e mecanismos de produção, mostrando a importância de entender o impacto da violência doméstica na saúde e na dignidade das vítimas”, avalia Marina Dantas. Ela destaca ainda que o estudo contribui com dados relevantes para formulação de estratégias preventivas e políticas públicas de proteção às mulheres.