Bacurizeiro possui benefícios para aplicação em tratamento da sepse, aponta estudo

Bacurizeiro possui benefícios para aplicação em tratamento da sepse, aponta estudo
Pesquisa inovadora aponta capacidade da Platonia insignis, popularmente conhecido como bacurizeiro, como benéfico no tratamento da sepse polimicrobiana. É o que aponta o estudo, ‘Platonia insignis mart: caracterização química e efeito antimicrobiano na sepse polimicrobiana e na infecção letal por Escherichia Coli e Enterococcus Faecalis’, da doutoranda e mestra em Ciências da Saúde, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Danielle Gomes Franco. A sepse é uma condição médica de alta letalidade, caracterizada por uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma infecção. O trabalho, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Maranhão (Fapema), investiga como o extrato das folhas da planta pode ser alternativa terapêutica no combate a esta infecção bacterianas.
Um dos resultados mais destacados da pesquisa foi observado em um experimento pré-clínico, realizado com camundongos. Os animais tratados com o extrato hidroetanólico das folhas mostraram um aumento de 57% de sobrevida, em comparação aos que não receberam a aplicação. Isso indica o grande potencial da planta no tratamento da sepse, aponta a pesquisadora. “Esse dado já mostra a relevância do estudo, especialmente considerando a gravidade da sepse, que tem altas taxas de mortalidade e é uma das principais causas de falência de órgãos nos hospitais”, ressalta Danielle Franco.

A pesquisa também identificou compostos bioativos presentes na planta, que podem contribuir para a modulação da inflamação, combate a infecções e proteção de órgãos. Essas aptidões da planta abrem novas possibilidades para terapias naturais e menos tóxicas, em relação aos tratamentos convencionais, que frequentemente estão associados a efeitos colaterais adversos.
Os resultados obtidos até o momento indicam que o extrato das folhas de Platonia insignis tem grande potencial como uma fonte de compostos bioativos com propriedades antibacterianas. O estudo será ampliado para entender como esses compostos interagem com o sistema imunológico e qual é o impacto no controle da inflamação. Esta fase envolverá testes imunológicos para investigar a interação do extrato com células do sistema imune, como macrófagos, neutrófilos e linfócitos. Além disso, será estudado o efeito do extrato na produção de citocinas inflamatórias, moléculas-chave na sepse e em outras condições infecciosas.
“A realização dos testes é necessária para entendermos melhor como o extrato da planta pode ser usado no manejo de condições com respostas inflamatórias exacerbadas. Isso nos permitirá avaliar se ele possui propriedades imunomoduladoras, e se pode ser usado, de forma segura, em terapias secundárias”, explicou a pesquisadora.
Para o presidente da instituição, Nordman Wall, “a Fapema tem esse compromisso de impulsionar a pesquisa científica de excelência no Maranhão, e é com muito orgulho que apoiamos projetos como o da doutoranda Danielle Franco, de contribuição prática e aplicação concreta”. Ele acrescenta que “são pesquisas com este viés que resultam em avanço do conhecimento e benefícios à saúde da população”.
Impacto social
Planta nativa do Maranhão, a Platonia insignis é uma espécie já reconhecida por suas propriedades antibacterianas. A pesquisa reforça essa característica e aponta para a possibilidade de utilizar seus compostos bioativos no tratamento da sepse. “É uma pesquisa grande impacto social, pois a sepse é uma condição que afeta milhares de pessoas todos os anos. O extrato da planta pode representar uma alternativa terapêutica eficiente e menos tóxica, oferecendo uma nova linha de tratamento para doenças infecciosas graves”, afirmou Danielle Franco.
Paralelamente, o estudo contribui para a criação de novos tratamentos que podem melhorar os desfechos clínicos dos pacientes e reduzir o impacto da doença. “Trará uma esperança para aqueles que enfrentam infecções bacterianas graves”, acrescenta a pesquisadora, destacando o apoio da Fapema para avançar no desenvolvimento da pesquisa e enfatiza a parceria com a instituição, ao longo de sua trajetória científica, até o doutorado que está cursando.
“A Fapema sempre esteve presente na minha formação e pesquisa. Desde a iniciação científica, a fundação me ofereceu suporte financeiro e acesso a uma rede de pesquisadores, ampliando minhas oportunidades de aprendizado e colaboração. A instituição é o suporte para a formação de novos pesquisadores no estado e essa parceria é ímpar no avanço das nossas pesquisas”, afirmou a doutoranda.