Brasil propõe reduzir 39% das emissões de carbono
Os dados a serem apresentados na 15ª Conferência da Partes (COP15) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, este mês, em Copenhaguem, na Dinamarca, foram debatidos ontem (1), no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Participaram das discussões o diretor geral do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Gilberto Câmara, os pesquisadores Carlos Nobre e Dalton Morisson Valeriano, do Inpe, Susana Kahan, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Eduardo Assad, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com a mediação do ministro em exercíco do MCT, Luis Antônio Elias.
Câmara apresentou um balanço das emissões de carbono (CO²) e do aquecimento global. A proposta que o Brasil leva a Copenhague é de reduzir em até 39% as emissões de carbono até 2050. “O País está se colocando como uma potência ambiental e quer mostrar que é possível utilizar recursos naturais para ter crescimento”, disse.
Os países em desenvolvimento são os maiores emissores de CO². Segundo Câmara, as emissões de combustíveis fósseis e cimento entre os anos de 1990 e 2000 foram bem superiores as emissões de 2000 a 2009, atingindo 1% e 3,4%, respectivamente. A China é a maior emissora de carbono do mundo, seguida da Índia e dos Estados Unidos.
Numa análise histórica, pode-se dizer que os Estados Unidos e a Europa são os maiores responsáveis pelo aquecimento global. “As emissões dos Estados Unidos representam 30%, e as da Europa, 25%. Ou seja, 55% no total”, explicou Câmara.
O desmatamento e o uso indevido do solo são outros causadores do efeito estufa. O diretor do Inpe disse que essas atividades detêm 12% a 15% das emissões globais. Desses gases, 46% vão para a atmosfera, 29% para o solo e 26 % são absorvidos pelos oceanos. No Brasil, houve uma redução dos efeitos do desmatamento dos anos 90 até hoje. “Nos anos 90, as emissões do Brasil correspondiam a 3%. Entre 2005 e 2009, esse número caiu para 1,2%”.
Em sua exposição, o coordenador do Conselho Diretor da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), Carlos Nobre, disse que os debates sobre o assunto estão bem avançados. Segundo ele, reuniões como a realizada hoje são essenciais para levantar informações a serem levadas aos debates internacionais e para a tomada de decisões políticas.
O encontro fez parte da agenda do programa Conhecimento para Todos, evento promovido pelo MCT, com o objetivo de divulgar as atividades dos institutos e órgãos ligados a ciência e a tecnologia. O ministro em exercíco e secretário-executivo do MCT, Luiz Antonio Rodrigues Elias, intermediou o debate. Ele destacou a necessidade de se criar um canal permanente de comunicação entre o governo e a sociedade para que o Brasil chegue na COP15 mais amadurecido.