Docentes dos Estudos Africanos finalizam trabalho de campo em Moçambique

Docentes dos Estudos Africanos finalizam trabalho de campo em Moçambique
junho 03 10:50 2019

MOÇAMBIQUE – Docentes do curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (LIESAFRO) da UFMA retornam de Moçambique, continente africano, após a realização de trabalho de campo de dois projetos de pesquisas de cooperação internacional, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). O primeiro foi “O ensino de História e Cultura Africana no Brasil e em Moçambique: formação de professores em uma perspectiva intercultural”, composto pelos professores Kátia Régis (coordenadora do projeto), Pollyanna Mendonça e Carlos Benedito da Silva.

Já o outro projeto “Questão agrária e precarização do trabalho em áreas de expansão de grandes projetos de desenvolvimento no Brasil e em Moçambique” foi composto pelos professores Sávio Dias, coordenador do projeto, Cidinalva Neris.

A comitiva também contou com a presença da professora Nilma Lino Gomes (UFMG), ex-Ministra da Igualdade Racial e relatora das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola (2012), e da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (UFSCar), relatora das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História Afro-Brasileira e Africana (2004).

Projeto desenvolvidos

Foram 28 dias em Moçambique no qual as duas equipes desenvolveram diversas atividades como reuniões técnicas entre pesquisadores moçambicanos e brasileiros; visitas em escolas; reuniões com integrantes do Instituto de Formação de Professores (IFP), do Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação (INDE), com o Observatório do Meio Rural (OMR); rodas de conversa com a Associação de Escritores Moçambicanos e com movimentos de mulheres moçambicanas. Também foi realizado o Seminário “Estudos Africanos e Afro-Brasileiros: perspectivas interculturais emancipatórias”, organizado por meio de parceria entre a UFMA e o Centro de Estudos Moçambicanos e de Etnociências (CEMEC) da Universidade Pedagógica de Maputo (UPM). O evento contou com a participação pesquisadores do LIESAFRO, e com representantes da UFMG, da UFSCAR, da UPM, da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e da Universidade Pungue (UniPungue).

“Acreditamos que as ações desenvolvidas superaram as expectativas e contribuíram para aprendizados, reflexões e diálogos com os movimentos sociais de Moçambique e com docentes da UPM, da UEM, da UniPungue e da Universidade Rovuma. Destas interlocuções, emergiram propostas de parcerias inovadoras, que contribuirão para ampliar e consolidar a internacionalização da Licenciatura Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da UFMA”, afirmou Kátia Régis, coordenadora da LIESAFRO e integrante de um dos projetos.

Já o professor Sávio Dias, coordenador da outra pesquisa envolvida no trabalho de campo, ressaltou a grande integração da equipe da comitiva, que consentiu que o trabalho de campo tivesse uma grande variedade de atividades. “As atividades realizadas permitiram uma série de articulações para cooperações entre as diversas universidades envolvidas, além da aproximação com os movimentos sociais de Moçambique e com os departamentos e centros de pesquisa no país. Também foi possível a divulgação da revista do curso, a Kwanissa – Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, que foi bem acolhida pelos pesquisadores moçambicanos, mostrando interesse em realizar publicações e organizar dossiês no periódico”.

A Kwanissa vai para sua quarta edição que deve sair em setembro e contará com resultados dessas articulações, segundo Sávio, que também é editor da revista.

Aprendizado

Para a ex-Ministra da Igualdade Racial e relatora das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, Nilma Lino Gomes, integrante da comitiva, o trabalho desenvolvido em Moçambique, com a equipe do curso de Licenciatura em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, foi realizado de forma intensa, produtiva e bem-sucedida. “A experiência consolidou a parceria entre a UFMA, UPM, UFMG e UFSCAR, e construiu novas cooperações com outras universidades públicas e movimentos sociais. O aprendizado e a convivência em equipe nos trouxe amizade, fortalecimento e trocas humanas e acadêmicas. A experiência de estar juntos, em Moçambique,  nos reeducou ainda mais no conhecimento sobre esse país e sua realidade, trazendo conhecimentos novos e abrindo caminhos para os estudantes de ambos países na construção de um intercâmbio acadêmico”, enfatizou.

A integrante do trabalho de campo em Moçambique, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, lembrou que foi muito rica a visita. Nesse período, segundo ela, foi possível fazer colegas, como os professores Kátia Régis, Carlos Benedito, Cidinalva Neris,  Pollyana Mendonça, Sávio Dias, que são do curso de Licenciatura em Educação das Relações Étnico-Raciais da UFMA, e também a professora Nilma Lino Gomes, da UFMG.

“Foi uma experiência rica em convívio, troca de ideias, experiências no sentido de conhecer e compreender dimensão da diversidade de processos históricos, meios de socialização, atos de se educar e de educar, modos de construir a vida e contribuir para a sociedade, vividos por nossas irmãs e nossos irmãos Moçambicanos.  Muito generosos, eles nos convidaram para suas escolas, faculdades, salas de aula, salas de conferências, conversaram sobre seus êxitos, percalços, projetos. Ouviram sobre nossas alegrias, desafios e vontade de aprender sobre história e cultura de africanos, sobre suas percepções, desafios”, detalhou.

Petronilha falou ainda da construção de diálogos que foram intensos e duradouros. “Buscamos tecer uma rede de trocas. Fomos exitosos, neste já consistente contato, em não nos deixarmos absorver pelo dia a dia da vida universitária e manter a energia construída. Estamos no caminho de cultivo e, quem sabe, consolidação de pan-africanismo na educação, ao cultivar diálogo entre África e a sua Diáspora Brasileira, ao buscar compreender nossas histórias e culturas tão diversas, mas certamente não separadas. Ao buscar compreender as raízes profundas de nossas histórias e culturas,   nós, brasileiras e brasileiros, buscamos fortalecer nossa africanidade, isto é nosso pertencimento ao Mundo Africano”, disse a docente, entusiasmada.

 

Fonte: Ascom/UFMA