Embrapa Cocais aproxima quebradeiras de coco e indígenas com experiências na fabricação de produtos do babaçu
Texto: Ascom/Embrapa Cocais
A Embrapa Cocais realizou, no último dia 2 de abril em sua sede em São Luís-MA, Seminário Técnico sobre Relatos de experiências com fabricação de produtos de babaçu: os casos de indígenas Paiter-Suruí (Cacoal, Rondônia) e das quebradeiras de coco (Itapecuru-Mirim, Maranhão). O evento contou com a presença dos empregados e de representantes de instituições maranhenses como a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) e o Instituto Federal do Maranhão – IFMA.
Maria Domingas Pinto, da Cooperativa das Quebradeiras de Coco Babaçu de Itapecuru-Mirim – Coobavida, em seu relato lembrou a história pioneira de luta das quebradeiras, cujo trabalho inclui a preservação das palmeiras e da cadeia produtiva do coco babaçu. “Estamos felizes de estar aqui, na Embrapa. São muitos anos de parceria, incluindo um pouco de conhecimento e tecnologia à nossa prática. Nossa história tem muita luta, mas também tem muita vitória! Sonhamos muito e temos muito a alcançar, com os pés no chão, como expandir nosso mercado de forma organizada, sempre com respeito às quebradeiras e à sua dignidade profissional. Nós temos consciência do nosso valor e do valor do nosso produto, o babaçu”.
Domingas também citou o papel da Embrapa no trabalho com os subprodutos do babaçu, para além da coleta do coco e retirada da amêndoa. “O pesquisador José Frazão deu estalo e nós soubemos regar a semente. Ao nos apresentar a máquina para extrair o óleo da amêndoa e nos trazer um químico para contribuir com a receita do sabonete, demos um grande passo”, completou.
Para Frazão, esse foi um trabalho de provocação, a atitude veio delas mesmas. “Vocês fizeram de outra forma o que já vinham fazendo. O trabalho das quebradeiras é fantástico e ajudou e continua ainda a ajudar a preservar o babaçual do Maranhão”, arrematou.
Para a chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin, as quebradeiras dão aula de compromisso, empreendedorismo, empoderamento feminino, liderança, relacionamento, entre outras lições. “Agradeço a presença e quero dizer que acredito no potencial de mercado dos subprodutos do babaçu. Sabemos que há tendência para busca de alimentos naturais da biodiversidade e esse é um nicho a explorar na cadeia do babaçu”.
Também foram convidados para apresentar a forma de aproveitamento dos subprodutos do babaçu representantes dos índios Paiter-Suruí, o casal Amauri Napakobá Suruí e Marli Henrique de Lima Pio Suruí, da Associação Soenama. Atualmente o Povo Suruí se distribui em 28 aldeias dentro de um território de aproximadamente 247.845 hectares localizado em uma região fronteiriça, ao norte do município de Cacoal (estado de Rondônia) até o município de Aripuanã (estado do Mato Grosso).
“Os Suruí de Rondônia se autodenominam Paíter, que significa ‘gente de verdade, nós mesmos’. Falamos a língua do grupo Tupi e da família linguística Mondé. Com o babaçu, fazemos farinha, óleo, carvão, artesanato e cobertura de casas. Agradecemos o convite e almejamos parceria com as quebradeiras para aprendermos com elas extrair mais subprodutos da palmeira do babaçu para geração de renda com preservação ambiental e ainda valorização e fortalecimento da nossa cultura. Também queremos firmar parceria com a Embrapa para utilização da máquina de extração de óleo e mais trocas de conhecimento”.
O resultado do encontro entre quebradeiras e indígenas será o intercâmbio de práticas extrativistas do babaçu para geração de renda sustentável. Serão escolhidos três membros da comunidade indígena para ir à associação das quebradeiras de coco, em Itapecuru-MA.
Da parte da Embrapa, serão costuradas mais formas de parcerias. “Nossa experiência é com as áreas antropizadas e agregar mais essa experiência será muito rico. Estamos já estudando conversando internamente como realizar pesquisas nessa comunidade indígena por meio dos nossos projetos já existentes”, disse a pesquisadora Guilhermina Cayres, que trabalha especificamente com desenvolvimento socioambiental de comunidades.
Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais
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