Estudo apoiado pela Fapema visa qualificar produtos derivados de abelhas da Baixada Maranhense
A produção do mel e derivados na região da Baixada Maranhense é uma atividade de forte impacto econômico, que além de despertar o olhar de instituições preocupadas em valorizar e melhorar a qualidade dos produtos, também atrai empresas que possam se apropriar da produção do pequeno produtor maranhense.
Coordenado pela professora doutora Ivone Garros, um grupo de pesquisadores das universidades UFMA, UEMA, IFMA, Estácio São Luís e Faculdade Pitágoras, conta com o apoio da Fapema para desenvolver uma série de estudos, que buscam identificar as propriedades físico-químicas, nutricionais e organolépticas de três produtos da região: mel, pólen e apitoxina. O resultado da pesquisa vai ser utilizado na qualificação desses produtos e inserção no mercado consumidor, a fim de elevar a renda dos produtores da região.
“Nós buscamos trazer esses três produtos para a pesquisa porque eles têm uma produção significativa na região e é importante um controle de qualidade para a comercialização”, explicou Gilberth Silva Nunes.
De acordo com a professora Ivone Garros, o principal objetivo da pesquisa é sugerir uma legislação para que a comercialização dos produtos de abelhas na região da Baixada Maranhense passe a ser regulamentada e mais justa para os produtores. “Estamos tentando estudar e estabelecer isso. Nossa maior preocupação é porque eles envasavam o mel de qualquer jeito. Há uns cinco anos a gente vem trabalhando em várias teses. Temos muitos estudos sobre os méis e resolvemos ver a microbiologia deles. Até agora não encontramos nenhum tipo de contaminação. Todo esse estudo é importante para que possamos traçar um perfil do mel, porque quando os produtores forem dizer que estão vendendo mel de tiúba, eles poderão explicar que as propriedades daquele mel são estudadas e comprovadas cientificamente. Isso vai valorizar o produto deles”, explicou a doutora.
Para que seja liberada a comercialização de produtos, é necessário que os órgãos reguladores – no caso em estudo, o Ministério da Agricultura – tenham a informação técnica, chamada identidade e qualidade do produto. O esforço dos pesquisadores em preparar esse material para as autoridades que legislam sobre estes produtos contribuirá para que seja estabelecida uma qualificação do mel e demais mercadorias oriundas de abelhas nesta região do estado.
Além do mel, mais dois produtos são estudados na pesquisa. O pólen, de acordo com Gilberth Silva Nunes, hoje é subaproveitado para produção de cosméticos como sabonetes, loções, e essências para alimentação. Porém, o potencial nutricional do pólen é relevante e a caracterização realizada na pesquisa, futuramente poderá levar o produto aos mercados de suplementação e de produtos de nutrição, que estão em alta. “Nós buscamos descobrir qual a composição floral do pólen de tiúba, que tipo de flor está fornecendo esta matéria prima para a abelha, definir parâmetros e, então, buscar a composição nutricional deste pólen”, disse.
Já a apitoxina, veneno da abelha Apis mellifera, é estudado para fins medicinais. “Ao estudar esse veneno entramos mais no campo da biotecnologia. Esse veneno tem um potencial de mercado muito grande e isso é desconhecido de boa parte dos produtores. E ainda é um produto pouco explorado no Brasil, em geral. E nosso estudo se centra justamente em encontrar propriedades biológicas, principalmente no combate a doenças e agentes patogênicos”, explicou o biólogo Caio Pavão Tavares. Entre os testes realizados a partir do isolamento das moléculas da apitoxina, são estudadas as propriedades antitumorais, para o combate ao câncer.
Além da contribuição científica, a pesquisa ainda contribuirá no aspecto social, já que pode definir políticas – a partir das necessidades dos produtores, levantadas ao longo do estudo – para este viés da agricultura no estado.