Grupo investiga doenças respiratórias em indígenas
Identificar a prevalência de doenças respiratórias na terra indígena de Iauareté, no município de São Gabriel da Cachoeira, é o objetivo do estudo coordenado pelo pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Paulo Basta. O trabalho vai analisar questões de cunho clínico, biológico e ambiental relacionados à tuberculose na comunidade indígena do Amazonas. Fazem parte da equipe de trabalho um médico pneumologista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, uma aluna de mestrado do Programa de Epidemiologia em Saúde Pública e uma aluna de iniciação científica da Ensp.
O trabalho teve início em 2008, quando o Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) convidou Basta para integrar um grupo técnico assessor das ações de tuberculose nas áreas indígenas brasileiras. A partir disso, com o intuito de desenvolver linhas de pesquisa operacionais e propor um plano de trabalho para 2010, o pesquisador sugeriu uma busca ativa dos casos de tuberculose nas aldeias. “A intenção é proporcionar ao serviço a oportunidade de ter ferramentas, métodos e técnicas apropriadas para a realização do trabalho no dia a dia”, revelou.
Dessa forma, a pesquisa tem a finalidade de identificar a prevalência de doenças respiratórias na terra indígena de Iauareté, que tem aproximadamente 3 mil habitantes, com 15 etnias diferentes, distribuídas em 12 vilas. A metodologia de trabalho desenvolvida pela equipe contempla questões de caráter biológico com estudo de sinais e sintomas – febre, tosse, expectoração do escarro -, investigação clínica – coleta do escarro -, realização de exames de raio-x e do teste tuberculínico, além de uma análise do ambiente. “Faremos visitas domiciliares em busca dessas informações complementares. Pretendemos observar a situação das casas, sua estrutura, ventilação, quantas pessoas residem em cada local. Ademais essas questões ambientais, serão incluídas em nossas análises questões acerca dos determinantes sociais da saúde, como o grau de escolaridade, ocupação, renda, dentre outros”.
A pesquisa contará com a participação das equipes locais de saúde, que ajudarão no início do tratamento dos casos encontrados e na sua continuidade, já que a duração é de seis meses. “A ideia é manter contato com as equipes locais de saúde para realizarmos um monitoramento dos casos durante todo o tempo do tratamento. A partir daí, pretendemos desenhar um novo plano de estudo para voltarmos numa próxima oportunidade e avaliar os casos”.
Ainda de acordo com Basta, trata-se de uma ação integrada dentro da própria Ensp, com a participação de um médico do Centro Hélio Fraga, uma aluna do Programa de Epidemiologia e uma aluna de iniciação científica da Escola. “Esse grupo de trabalho começou em 2008 e já existem outras atividades previstas para este ano. Faremos uma ação no interior do Mato Grosso e depois estaremos na tribo dos yanomami, em Roraima. Além disso, haverá o 4º Encontro Nacional de Tuberculose, em maio, no Rio de Janeiro, que pela primeira vez abriu espaço na programação para a temática das ações de controle de tuberculose em populações vulneráveis, em especial as populações indígenas”.