Habitação do Centro Histórico é tema de seminário promovido pela FAPEMA
Texto: Maristela Sena
Fotos: Leidyane Ramos
As poltronas do auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UEMA), na Praia Grande, não foram suficientes para acomodar o público que assistiu à abertura e à programação do seminário “Habitar para Preservar o Centro Histórico”, nesta terça-feira. A plateia formada em sua maioria por estudantes ouviu inicialmente a fala da arquiteta, urbanista e pesquisadora da UFRJ, Helena Galiza, que coordenou o evento, promovido pela FAPEMA e FAU/UEMA. A mesa de abertura contou também com a presença da representante dos moradores, Maria de Jesus Almeida; do Pró-reitor de Assuntos Estudantis da UEMA, Paulo Catunda; da diretora-científica, Silvane Magali Vale Nascimento, e do presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão, Alex Oliveira.
A primeira palestra do dia foi ministrada pelo professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, Carlos Vainer, que encerrou a apresentação “Centro: um espaço possível de integração urbana?”, com uma provocação aos estudantes: que eles reivindiquem a mudança de todos os prédios da Universidade Estadual do Maranhão para o Centro Histórico.
A estudante do 7º período de Arquitetura, Marina Cutrim, é moradora do centro e por isso se afirma mais interessada nesta discussão. “Participo de todos os seminários que a universidade oferece. Estudo e moro no centro. Venho andando para a faculdade, mas não faço o percurso de volta, por me sentir insegura. À noite, o centro fica deserto. Penso que as ações de preservação têm de se vincular com as questões sociais”, disse.
Para a diretora-científica da FAPEMA, Silvane Magali, “o centro histórico é parte da cidade, mas em algumas pessoas é um espaço que se ocupa com mais profundidade, por isso é importante que a discussão aconteça a partir de suas necessidades”.
A segunda palestra “Habitação e Inclusão Social em Áreas Centrais” foi apresentada pelo professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Nabil Bonduki, que falou sobre as transformações dos centros históricos das cidades de São Paulo e Salvador.
O presidente da FAPEMA, Alex Oliveira, observou a necessidade e importância do debate em torno das temáticas relativas a esta área central da cidade. “Temos de pensar o Centro Histórico como um local que a gente mora, estuda, visita, trabalha. E vamos continuar lutando e criando proposições para melhorar as condições e ampliar garantias de direitos a partir da criação de políticas públicas para este segmento da cidade”.
A participação da prata da casa veio com a mesa redonda mediada por Alex Oliveira, e formada pelo coordenador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Raphael Gama Pestana; o coordenador da Superintendência de Patrimônio Cultural, Eduardo Longhi e pelo presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico, Aquiles Andrade, que enfatizou informações sobre investimentos em habitação no centro. “É importante esclarecer que o fomento à habitação nas áreas centrais parte de uma decisão política. No entanto, não há uma política nacional concreta de implantação de habitação nas áreas centrais que considere as diferentes realidades no Brasil. Neste sentido, São Luís tem apresentado uma proposta de implantação de unidades habitacionais no Centro Histórico, a partir de uma equação financeira com a participação da comunidade e de outras esferas públicas. Sendo assim, é necessário que se discuta esta política de modo mais amplo, criando-se novas perspectivas para o tema. Eventos como estes são muito importantes para esta construção”.
O professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, Leonardo Castriota, encerrou a jornada de discussões com a palestra “Patrimônio cultural: conceitos, políticas e instrumentos”. A programação do seminário continua nesta quinta-feira, 10, a partir das 9h, com a palestra “Experiências na defesa da moradia em processos de revitalização das áreas centrais” da advogada e defensora pública do Rio de Janeiro, Maria Lúcia Pontes.