Hipertensão arterial: o que significa isso?

Por Silen Ribeiro 17 de maio de 2019

Por: Silen Ribeiro

Desde o ano de 2005, 17 de maio é marcado como O Dia Mundial da Hipertensão. Conhecida popularmente como pressão alta, ela é responsável por 51% das mortes por AVC e 45% das mortes por problemas cardíacos no mundo, de acordo com dados Organização Mundial de Saúde (OMS). Trazendo mais especificamente para o nosso País, ela afeta, segundo o Ministério da Saúde, um em cada quatro brasileiros adultos.

Para ficar mais por dentro do assunto, leia a entrevista concedida à Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Maranhão (Fapema) pelo graduado em Farmácia, mestre em Ciências Biológicas (Biologia Celular), doutor em Cardiologia, professor da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde (também na Ufma) e consultor Ad-Hoc desta Fundação, Antonio Marcus de Andrade Paes.

 

O que é hipertensão arterial?

É a elevação da pressão sob a qual o sangue circula dentro do sistema arterial, em decorrência de fatores como aumento da frequência cardíaca ou redução da capacidade de relaxamento das artérias.

Quando uma pessoa pode ser considerada hipertensa?

Segundo a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, publicada em 2016, a hipertensão se caracteriza por níveis pressóricos repetidamente superiores a 140 x 90 mmHg. Porém, o diagnóstico depende de avaliação clínica pormenorizada, para identificação de causa, além da avaliação do risco cardiovascular.

Quais são as causas e os principais sintomas da doença?

A hipertensão está frequentemente associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, particularmente coração e rins, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose, diabetes e consumo de sal de cozinha acima do limite recomendado (2 g/dia).

Em que período da vida e com qual frequência as pessoas devem verificar a pressão arterial?

A hipertensão arterial é uma condição clínica de progressão lenta e muitas vezes assintomática. Por isso, recomenda-se, pelo menos, a medição da pressão a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHge < 140/90 mmHg.1.

Existem grupos mais propensos à hipertensão? Se sim, quais são eles?

Sim, indivíduos com idade mais avançada, mulheres e negros apresentam maior prevalência de hipertensão. A propensão aumenta com a presença de sobrepeso ou obesidade, ingestão aumentada de sal e bebidas alcoólicas e o sedentarismo.

A hipertensão arterial atinge também as crianças?

Infelizmente sim. Há dados de que a porcentagem de crianças e adolescentes com diagnóstico de hipertensão tenha dobrado nas últimas duas décadas. Em parte, este aumento está relacionado a hábitos alimentares inadequados e obesidade infantil.

Ela é sempre uma doença hereditária?

Não. Na verdade, estudos brasileiros que avaliaram o impacto depolimorfismos genéticos na população de quilombolas, por exemplo, não conseguiram identificar um padrão mais prevalente, dificultando a identificação de um padrão genético para a elevaçãodos níveis pressóricos.

Quais são os principais vilões quando se trata de hipertensão arterial?

Sem dúvidas, o sobrepeso ou obesidade, a ingestão exacerbada de sal de cozinha e o sedentarismo são os principais vilões.

Quais as formas de prevenir a doença?

Além de evitar os vilões citados na pergunta anterior, é importante entender que a hipertensão também pode estar relacionada a insultos precoces na vida do indivíduo, por exemplo, na gestação e infância. Isto é, fatores como hipertensão gestacional ou baixo peso ao nascer podem favorecer o desenvolvimento de hipertensão no indivíduo quando adulto. Assim, um bom pré-natal também é uma forma importante de prevenção da hipertensão.

Que tratamento deve ser adotado quando a pessoa é diagnosticada com hipertensão arterial?

O tratamento é muito particular e depende do diagnóstico das causas primárias e secundárias da hipertensão. Logo, não existe um tratamento padrão. O que existe é procedimento padrão: procurar um médico, cardiologista de preferência.

Ela tem cura?

Por ser uma doença crônica não transmissível, é mais adequado falar em controle da hipertensão que em cura. Porém, nos casos em que a hipertensão é secundária, o tratamento clínico ou cirúrgico da causa primária pode resultar sim em cura da hipertensão.

Muitas pessoas acreditam que os hipertensos só devem tomar o remédio quando a pressão está elevada. Isso é correto?

Não. Como dito anteriormente, a hipertensão é uma doença crônica e o seu controle depende da utilização contínua e ininterrupta da medicação prescrita.

Os anti-hipertensivos são distribuídos na Rede Pública?

Sim, há várias classes de medicamentos anti-hipertensivos que são distribuídos gratuitamente na rede pública ou vendidos a preços subsidiados pelo governo.

 

Faça as suas considerações finais, caso as ache necessárias.

As doenças cardiovasculares, entre elas a hipertensão, são a principal causa de morte no mundo. Logo, é importante fazer a verificação periódica da pressão arterial, mesmo que ambulatorialmente, numa unidade básica de saúde ou farmácia mais próxima. Neste caso, é igualmente importante sempre exigir atendimento por profissional habilitado, isto é, médico, enfermeiro ou farmacêutico. Além disso, hábitos alimentares saudáveis, prática de atividade física e combate ao sobrepeso e obesidade, são as principais formas não só de evitar, mas também de tratar a hipertensão.