Pesquisa apoiada pela Fapema aponta eficiência da laserterapia no trato da mucosite oral

Por Elizete Silva 21 de fevereiro de 2024

A mucosite oral é uma complicação que atinge pacientes submetidos à quimio e radioterapia de cabeça e pescoço, fruto de tratamentos contra o câncer. A aplicação do laser, associado a fotossensibilizantes, foi realizada em crianças acometidas pela leucemia e os resultados avaliados na pesquisa ‘Eficácia do laser de baixa potência no tratamento de mucosite bucal induzida por quimioterapia em pacientes pediátricos com leucemia linfoblástica aguda: um ensaio clínico randomizado’. O estudo é resultado do mestrado em Odontologia do cirurgião-dentista João Batista Medeiros Filho, e conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), estudo que reforça as ações de combate à doença, neste mês do Fevereiro Laranja.

O estudo de João Medeiros é um exemplo concreto de como a pesquisa científica contribui significativamente para soluções inovadoras e de resultado na saúde, neste caso, no campo da oncologia pediátrica, pontuou o presidente da Fapema, Nordman Wall. Ele ressaltou a importância do apoio do governo estadual a pesquisas desta natureza.

“Investir em pesquisa é fundamental para o avanço das ações de saúde. É muito significativo saber que um profissional se debruçou sobre um tema tão delicado, estudou, testou e conseguiu reduzir os efeitos de um tratamento, melhorando a qualidade de vida destas crianças. A Fapema se orgulha em apoiar estudos que, de fato, trazem benefícios às pessoas e avanços para a área da saúde”, reforçou Nordman Wall.

Efeito colateral comum da quimioterapia e radioterapia, a mucosite oral causa inflamação da parte interna da boca e garganta, que pode levar a feridas e úlceras dolorosas nessas regiões. O estudo apontou redução de danos destas lesões, em crianças que fazem tratamento contra leucemia. A utilização do laser de baixa potência no tratamento dessa condição se revelou uma abordagem promissora, abrindo perspectivas para otimizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os benefícios deste uso já eram conhecidos, mas, pouco utilizados, afirmou o médico João Medeiros.

O aparelho normalmente usado, conta com o laser infravermelho (que reduz a dor no local) e o vermelho (que estimula a cicatrização das células). Ele utilizou uma outra modalidade, aplicando um fotossensibilizante para corar a região, no caso, o azul de metileno. Após, foi realizada a aplicação do laser diretamente na lesão. O resultado foi a redução da mucosite.

“Os micro-organismos presentes na boca dificultam a cicatrização de feridas, aftas e mucosites, porém, aplicando o laser vermelho em cima, conseguimos acabar com boa parte destas bactérias. Com as aplicações feitas em dois grupos de pacientes oncológicos pediátricos, constatei que os que receberam o laser vermelho com o fotossensibilizante tiveram redução mais rápida das lesões. Isso, sem comprometer a medicação do tratamento, sem causar dor ou outro efeito colateral. Houve essa melhora significativa, pode ser usada também em adultos, e é uma técnica que utilizo até hoje”, explicou João Medeiros.

O principal resultado desta aplicação é a garantia da vida de mais crianças nesta situação. O médico explica que eram muitos os casos de infecções, por conta da mucosite neste público em tratamento, que culminavam em óbito. Outro problema é a dor que a mucosite causa e a falta de apetite, pois as lesões dificultam a alimentação. “Portanto, utilizando esta técnica do laser, associada ao uso do fotossensibilizante, estamos conseguindo dar qualidade de vida, salvar vidas de crianças que estão em tratamento de câncer”, reiterou.

João Medeiros enfatizou a importância da Fapema em todo o processo, que resultou na descoberta que hoje melhora a vida de muitos pacientes oncológicos. “A Fapema foi um divisor de águas. Esse tratamento é algo extraordinário para o paciente, pois diminui a dor, estimula a alimentação, reduz as possibilidades de infecções que podem levar à morte. Ou seja, é um tratamento que faz toda a diferença na vida destes pacientes. E tive a possibilidade de adquirir insumos e equipamentos e me dedicar exclusivamente a este trabalho, por conta do apoio financeiro da Fapema. Hoje, conseguimos dar mais qualidade de vida e um resultado melhor do que o tradicionalmente esperado aos pacientes. O mais gratificante ainda é ver o reconhecimento desses resultados por parte das pessoas, e como é importante para suas vidas. Eu, sendo cirurgião-dentista, ter essa importância para tantas pessoas, me orgulha”, frisou.

Neste Fevereiro Laranja, a união de esforços entre pesquisadores, instituições de pesquisa e o governo estadual reforça um sólido compromisso com a saúde da população, oferecendo esperança e avanços concretos na luta contra a leucemia e outras doenças, completou o presidente da Fapema. “Estes estudos apontam como a pesquisa científica pode impactar positivamente a vida dos pacientes e contribuir para a construção de um futuro com mais qualidade de vida em tratamento destas doenças”, concluiu Nordman Wall.