Pesquisa auxilia no tratamento de crianças com Leucemia Linfoide Aguda

Pesquisa auxilia no tratamento de crianças com Leucemia Linfoide Aguda
abril 25 18:00 2019

 

Fonte: Fundação de Amparo  à Pesquisa do Estado da Amazonas (Fapeam)

A leucemia é uma doença que acomete alto número de crianças no Amazonas. Em 2018, foram registrados 48 casos em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo 35 meninos e 13 meninas. Em 2017, foram 60 casos, sendo 39 meninos e 21 meninas, de acordo com a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), centro de referência para diagnóstico e tratamento dos casos de doenças  malignas do sangue, no Estado.

Em busca de novos tratamentos para a Leucemia Linfoide Aguda (LLA), pesquisa realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) estudou o perfil imunológico em crianças com LLA, por meio do protocolo de tratamento denominado de GBTLI LLA- 2009, utilizado pela primeira vez no Amazonas.

Segundo a pesquisadora Adriana Malheiro, professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), durante o estudo foi observado redução significativa da célula T regulatória (um tipo específico de linfócitos que tem função de regular a resposta imune), em pacientes com LLA ao diagnóstico, quando comparados com indivíduos saudáveis. Entretanto, o grupo de alto risco apresentou significante redução destas células do que o grupo de baixo risco.

“Com todo trabalho desenvolvido conseguimos traçar um perfil imunológico mostrando alguns mediadores produzidos durante a resposta imune, podendo ser usado com biomarcadores da resposta ao tratamento nestes pacientes, no entanto mais estudos deverão ser feitos para comprovação dos mesmos”, conta.

Protocolo

A pesquisa contou com apoio da atual diretora-presidente do Hemoam, a médica Maria do Pérpetuo Socorro Sampaio, que realizou o acompanhamento clínico dos pacientes.

Maria do Pérpetuo Sampaio explica que o protocolo GBTLI é utilizado nacionalmente e que o procedimento foi realizado nos pacientes em tratamento no Hemoam.

“O GBTLI é um procedimento de protocolo brasileiro já aplicado em outras regiões que conta com cinco grupos de tratamento, a partir do oitavo dia de tratamento ocorre estratificação fazendo um total de 12 subgrupos. O protocolo tem a finalidade de aumentar a sobrevida dos pacientes com melhora na qualidade de vida. O estudo serviu para entender a resposta do perfil imune do paciente. No decorrer do tratamento, inicial de indução, investigou a ocorrência de algum fator imune que pudesse ser encontrado para justificar esta resposta, assim como servir de base, para comparar com outras regiões e em outros países”, explicou.

Para a pesquisadora, muitos tratamentos têm sido propostos na tentativa de buscar a efetividade na cura das leucemias.

“O tratamento apresenta diversas etapas, desde o acompanhamento inicial, até a completa cura do paciente. No entanto, observou-se que muitos destes pacientes apresentam recaídas, sugerindo que pode ser devido a fatores imunes importantes ao diagnóstico e desenvolvidos ao longo do tratamento. Desta forma, pode-se compreender que os mecanismos imunes envolvidos na imunossupressão (ato de reduzir a atividade ou eficiência do sistema imunológico) durante a fase de indução do tratamento, assim como a reconstituição imune nestes pacientes é de fundamental importância para o sucesso do trabalho atualmente proposto”, disse.

18.03.2019 - ADRIANA MALHEIROS - HEMOAM-17

Estudo foi coordenado pela pesquisadora Adriana Malheiro, do Hemoam. Foto: Érico Xavier/Fapeam

Tratamento

Foi feita coleta de sangue periférico dos pacientes com LLA no dia 0 (D0) que significa na fase inicial, (D8) oito dias, (D15) 15 dias (D35) 35 dias.

Adriana explica que os pacientes foram acompanhados de acordo com o intervalo de tempo compreendido entre o diagnóstico e o dia 35 da indução.

 “A ideia foi verificar existência do marcador imunológico que pudesse auxiliar no tratamento. Quando realizamos estudo de várias moléculas imunológicas em determinadas doenças  muitas vezes estamos buscando o que a gente chama de biomarcador (responsável pelo paciente responder ou não ao tratamento). Esses pacientes são acompanhados e quando chegam, por exemplo, no oitavo dia de tratamento e não respondem bem, temos que mudar de grupo de tratamento, porque são vários grupos de tratamento de alto risco e baixo risco,” disse.

Leucemia  Lifoide – LLA

 Leucemia aguda é um grupo heterogêneo de doenças malignas primárias da medula óssea caracterizada pela substituição dos elementos medulares e sanguíneos normais pela expansão clonal de células hematopoiéticas imaturas na medula óssea. Caracteriza-se de maior gravidade pela sua evolução rápida e maior risco de óbito no caso de demora ao tratamento, diferente das leucemias crônicas que têm seu quadro mais arrastado.

Diagnóstico

Inicia com a suspeita clínica e a partir daí começa a investigação laboratorial. O hemograma é o exame considerado importante para triagem de investigação inicial da leucemia. No material são analisados componentes do sangue como: glóbulos vermelhos, plaquetas e células brancas.

 Pró- Estado

Intitulado “Estudo do Perfil Imunológico em Crianças com Leucemia Linfoide Aguda no Amazonas”, o projeto teve apoio da Fapeam, por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado), edital Resolução N. 002/2008. O objetivo do Pró-Estado é fortalecer e incentivar o desenvolvimento de iniciativas que ampliem a formação de recursos humanos em nível de pós-graduação stricto sensu, além de apoiar ações de formação de recursos humanos e melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Estado.