Pesquisadores da Unicamp desenvolvem repelente para tecidos e superfícies
Mesmo com a chegada dos meses mais frios do ano, várias regiões brasileiras têm registrado um aumento significativo nos casos de dengue. Cidades do Paraná e Bahia, por exemplo, já registram uma epidemia da doença que é causada pelo mosquito aedes aegypti, também responsável pela transmissão de doenças como zika vírus, chikungunya e febre amarela.
Além da prevenção ao surgimento da larva do mosquito, o uso do repelente também é um importante mecanismo de proteção. Diante disso, pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma tecnologia que age como repelente para ser utilizada em roupas, tecidos e superfícies como paredes. A tecnologia, que está disponível para licenciamento, utiliza o mesmo tipo de repelente já presente no mercado, mas com liberação mais lenta, o que garante uma proteção prolongada.
“O diferencial é que, através de técnicas de laboratório (polimerização em miniemulsão), conseguimos imobilizar o repelente DEET para que ele evapore mais lentamente, já que um dos problemas dos produtos convencionais é que o composto evapora rapidamente e/ou é absorvido pela pele, necessitando aplicações frequentes do repelente. Ao ser aplicado sobre superfícies (incluindo tecidos), consegue-se uma liberação sustentada da substância para o ar por até 12 horas”, explica Liliane Ferrareso Lona, professora da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e responsável pela tecnologia.
Em outras palavras, a tecnologia possibilita a encapsulação do DEET, já conhecido como um eficaz repelente de insetos, em partículas nanométricas de polímero. “A restrição da evaporação dos compostos repelentes é possível com a introdução de uma barreira física entre eles e o ar através da encapsulação. A encapsulação dessas substâncias e o seu uso como repelentes ambientais em tintas ou em impregnação de tecidos surge como uma alternativa promissora que permite prolongar o efeito repelente desses compostos através da liberação sustentada”, conta Guilherme Martinate Gomes, aluno de pós-graduação e também responsável pela patente.
Os pesquisadores também ressaltam que um dos pontos altos da tecnologia é o fato de poder ser utilizado por crianças ou recém-nascidos, excluindo a necessidade de uso do repelente diretamente na pele. Mesmo que substâncias repelentes sejam eficazes com aplicação na pele em forma de loção, seu uso é restrito e não há ação prolongada. “Isso seria vantajoso no caso de alergias, ou para proteção de bebês, por exemplo, já que existem estudos que relacionam o DEET aplicado diretamente sobre a pele e doenças neurológicas”, justifica a docente. ”A utilização de repelentes de insetos é uma medida preventiva fundamental para que a transmissão de doenças como a dengue, malária e chikungunya seja evitada”, completa Gomes.
Fonte: Inova Unicamp