Pesquisadores do Maranhão apontam farinha de babaçu como alternativa na produção de protetor solar

Pesquisadores do Maranhão apontam farinha de babaçu como alternativa na produção de protetor solar
janeiro 17 15:04 2024

Pesquisadores do Laboratório de Fisiopatologia e Investigação Terapêutica (LaFIT), da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Campus Imperatriz (Região Tocantina), forneceram uma importante contribuição, ao sinalizar a possibilidade de exploração da farinha do mesocarpo do babaçu na indústria cosmética. Por meio de estudo desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão (Fapema) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foram identificadas propriedades antioxidantes e fotoprotetoras nos extratos, e ausência de efeitos citotóxicos in vitro. Esses resultados sinalizam a possibilidade de produção de protetores solares com matéria-prima local, o que contribui para promoção da sustentabilidade e valorização do trabalho extrativista desenvolvido pelas comunidades tradicionais.

O estudo faz parte da dissertação de mestrado de Mércia Machado (PPG Saúde e Tecnologia – Ufma), com orientação do professor doutor Aramys Silva dos Reis e co-orientação do professor doutor Richard Pereira Dutra. Além disso, o trabalho possui a colaboração da professora doutor Rosane Nassar Meireles Guerra e de estudantes de graduação dos cursos de Medicina e Ciências Naturais da instituição.

A matéria-prima utilizada como objeto de estudo do trabalho foi adquirida com a Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu. A organização é formada por grupos produtivos comunitários e inclui trabalhadoras rurais que coletam e processam o fruto.

Uma vez obtida a farinha, foram preparados dois extratos para testagem, um deles à base de água e o outro hidroalcoólico (70% álcool, 30% água). “Primeiramente, medimos a atividade antioxidante dos extratos usando os testes DPPH e ABTS, um procedimento padrão para avaliar a capacidade da substância em neutralizar radicais livres. Os resultados revelaram que ambos os extratos possuíam uma alta atividade antioxidante, especialmente nas frações mais polares, o que indica o seu potencial em combater os danos causados por radicais livres na pele”, explica Aramys Silva, coordenador do LaFIT-Ufma.

Outro teste realizado teve o objetivo de determinar o Fator de Proteção Solar (FPS) dos extratos. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma substância precisa ter o FPS igual ou maior que seis para que seja considerada fotoprotetora, e o experimento realizado comprova o potencial da farinha de babaçu no desenvolvimento de produtos. “Utilizando o método de Mansur, o mais utilizado na cosmetologia, foi descoberto um FPS de 16,69 no extrato hidroalcoólico e de 14,83 no extrato aquoso. São valores muito promissores e sugerem que os extratos de babaçu podem oferecer uma proteção significativa contra a radiação solar”, diz o pesquisador.

Também foram realizados testes preliminares de citotoxicidade em células RAW (macrófagos do sistema imune e abundantes na pele) que são fundamentais para verificar a segurança de um produto para aplicação tópica, e os resultados são promissores. “Felizmente, o extrato hidroalcoólico não mostrou efeitos citotóxicos nas concentrações testadas, reforçando seu potencial como um ingrediente seguro em protetores solares. Lembrando que esses são testes in vitro, e mais procedimentos são necessários para comprovar definitivamente a não toxicidade da substância”, ressalta Aramys Silva.

 

Apoio do Governo do Maranhão

Por meio do fomento à pesquisa aplicada, o Governo do Estado fornece uma grande contribuição tanto para a comunidade científica como para as cadeias produtivas impactadas pelos estudos desenvolvidos. “O trabalho dos cientistas resulta em inovação tecnológica e em processos cada vez mais eficientes e sustentáveis, que por sua vez se traduzem em desenvolvimento econômico, emprego e renda. Por isso que não existe gasto supérfluo em ciência e tecnologia, tudo é investimento a longo prazo”, explica o presidente da Fapema, Nordman Wall.

Para Aramys Reis, investimento público em pesquisa científica é a base para o desenvolvimento tecnológico e a inovação, pois trabalhos de qualidade exigem um grande número de recursos e não existe uma cultura de investimento em larga escala por parte da iniciativa privada. “Instituições como a Fapema são vitais para suprir essa lacuna, fornecendo recursos e apoio necessário para o avanço da ciência e tecnologia no país. O suporte público é essencial para a realização de pesquisas de alto nível, como também para estimular o interesse e o investimento do setor privado em longo prazo”, explica.