Série “Mulheres de Ciência” para reverenciar o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres

Por Leidyane Ramos 8 de março de 2018

Luciana Magalhães R. Alencar

É graduada e mestra em Física pela Universidade Federal do Ceará com a dissertação: “Estudo Morfológico e das Propriedades Mecânicas de Plaquetas Humanas por Microscopia de Força Atômica”. Tem doutorado em Física pela mesma instituição em colaboração com a Universidade de Bremen (Alemanha), com a tese: “Estudo da Viscoelasticidade de Células de Câncer Renal por Microscopia de Força Atômica”. É também pós-doutora do Programa PNPD e professora na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Possui experiência na área de Física Médica e Nanotecnologia, utilizando técnicas de microscopia, principalmente a microscopia de varredura por sonda, para caracterização morfológica, mecânica, elétrica e magnética de sistemas nanoestruturados e biológicos.

“É de fundamental importância que a comunidade científica reconheça o papel das mulheres na ciência, não somente nos casos extraordinários como o de Marie Curie, que foi agraciada duplamente (Física e Química) com a premiação máxima da carreira de um cientista (Prêmio Nobel), mas também em casos como o de Lise Meitner, que teve um papel importante no descobrimento da fissão nuclear, porém foi excluída do Nobel de Física de 1944. A história está repleta de mulheres extraordinárias, todas com contribuições revolucionárias em diversas áreas.Existem muitas, mas deixo aqui três grandes conquistas de mulheres fenomenais, mas que não são muito difundidas. A primeira delas, Mildred Dresselhaus, também conhecida como a rainha do carbono, dedicou mais de 50 anos ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), sendo pioneira nos estudos de materiais carbonosos nanoestruturados. Os trabalhos dela inauguraram uma nova era na ciência que hoje é conhecida como Nanotecnologia. Outra mulher fabulosa é a pesquisadora da Fundação Osvaldo Cruz, a médica Celina Turchi, que ficou entre os 10 cientistas mais influentes de 2016, segundo a renomada revista Nature, que ressaltou que, antes dos estudos dela e sua equipe, o mundo pouco conhecia sobre o Zika Vírus e suas consequências. Seus trabalhos trouxeram à luz várias adversidades provocadas pela exposição a esse vírus, como a microcefalia, por exemplo. Por fim, gostaria de citar o nome de Jocellyn Bell Burnell, a astrofísica britânica que descobriu, junto com seu professor, as primeiras pulsares (estrelas de nêutrons). Jocellyn virou símbolo de luta da mulher dentro da carreira científica, pois não foi sequer citada no trabalho que, posteriormente, foi agraciado com um Nobel de Física em 1974. O mundo científico, em geral, não oferece espaço para as mulheres. Não existe a figura da mulher cientista no imaginário popular, as mulheres não se sentem representadas e, portanto, não almejam esse tipo de carreira. De acordo com os dados do CNPq, existem quase 10.000 homens bolsistas de pós-graduação a mais que mulheres, e a esmagadora maioria delas está nas ciências humanas. Dentro da Física, apenas 5% dos pesquisadores (professores doutores) são mulheres (levantamento da Profa. Dra. Márcia Barbora – UFRGS). A ciência é plural e necessita de homens e mulheres para acontecer. Vejo que a comunidade ainda duvida do potencial das mulheres na ciência especialmente por achar que não são capazes de conciliar família (filhos) e carreira acadêmica. Fico extremamente feliz de ter conquistado meu espaço e espero poder contribuir para o crescimento da ciência na UFMA, no Maranhão e no Brasil”.