Plataforma global recebe sugestões para aprimorar funcionamento da internet
Iniciativa NETmundial busca impulsionar soluções colaborativas para um ecossistema distribuído de governança da rede. Tem como base a declaração do encontro multissetorial realizado em abril, em São Paulo.
A comunidade da internet global está convidada a participar da Iniciativa NETmundial, plataforma multissetorial para impulsionar soluções baseadas na colaboração para um ecossistema distribuído de governança da rede. Lançada nesta quinta-feira (6), a instância terá como base a declaração final do Encontro Multissetorial sobre o Futuro da Governança da Internet (NETmundial), realizado em abril, em São Paulo.
O objetivo é promover uma maior coordenação e cooperação entre as partes interessadas, promovendo a internet como um recurso compartilhado, neutro e global para a solidariedade humana e o progresso econômico. A plataforma será secretariada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pela Corporação para Atribuição de Nomes e Números da Internet (Icann, na sigla em inglês), em parceria com o Fórum Econômico Mundial (WEF).
A participação da comunidade global para continuar melhorando o marco de governança da internet se balizará no documento aprovado em abril – e disponível no site do projeto – com os princípios e o roteiro para a transição rumo ao novo modelo. Até 6 de dezembro, também é possível sugerir integrantes para o futuro conselho de coordenação, de caráter multissetorial e diversificado.
“Isto baliza o início dos esforços para impulsionar o espírito de cooperação de São Paulo para resolver questões de maneiras tangíveis. A iniciativa vai colocar sob os holofotes a essência do modelo multissetorial, reconhecendo-o como um mecanismo essencial para fazer com que a elaboração de políticas e a governança da internet global avancem,” disse o secretário de Política de Informática do MCTI, Virgilio Almeida, membro do CGI.br, que lembrou o histórico das discussões e a participação brasileira. “O que se busca é tornar a rede um ambiente mais seguro e confiável e manter sempre seu caráter aberto”, resumiu.
A Iniciativa NETmundial vai usar mecanismos de crowdsourcing (colaboração aberta online) para propiciar a formulação de propostas inovadoras que possam ser livremente adotadas por organizações ou nações. As atividades não têm o intuito de substituir, mas de complementar os esforços do Fórum de Governança da Internet (IGF, na sigla em inglês) e de outros foros e organizações.
Ação
“O diálogo é essencial e vai permanecer desse jeito. No entanto, a comunidade global está agora pronta para a ação”, disse o presidente e CEO da Icann, Fadi Chehadé, que ressaltou a existência de necessidades imediatas no que diz respeito a políticas relativas ao uso da internet no espaço global. “Qualquer um pode participar da iniciativa”, enfatizou. “Qualquer ideia, atividade, projeto. Todos são bem-vindos. Por favor, venham.”
Para Chehadé, um mecanismo de mapeamento de soluções é urgente para ajudar as partes interessadas – especialmente nos países em desenvolvimento – a encontrar seus caminhos. “Já a formulação de uma solução policêntrica vai ajudar a resolver a quantidade cada vez maior de questões que vão desde a cibersegurança até a privacidade dos usuários.”
O professor Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, observou a importância de “uma cooperação internacional mais profunda para a internet alcançar seu pleno potencial como propiciadora do crescimento econômico e do potencial humano”. Segundo Schwab, a plataforma vai ser um bem público mundial. “Será um espaço para compartilhar expertise, ideias e recursos de governança da internet de maneira mais eficiente, auto-organizada, em benefício de todos”, disse.
Virgilio Almeida, por sua vez, lembrou que o engajamento do fórum pode facilitar a identificação de problemas específicos dos setores produtivo e financeiro e o financiamento de medidas que implementem propostas resultantes da plataforma colaborativa.
O conselho de coordenação fará sua reunião inaugural em janeiro. A previsão é que a iniciativa comece a gerar soluções práticas em 2015.