Alternativas para um solo mais rico em nutrientes são apontadas no “Dia de Campo”
O Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Maranhão (CCA/UEMA) promoveu nesta sexta-feira, 29, com apoio da FAPEMA, o “Dia de Campo”, que consistiu em discutir, entre estudantes de agronomia das instituições de ensino superior do estado, a eficiência do uso dos nutrientes no solo do Maranhão. O evento aconteceu no Laboratório de Solos da UEMA, com a coordenação do Prof. Emanoel Gomes de Moura, e participação de professores, bolsistas e alunos do curso de agronomia.
Na busca de tornar o solo de baixa fertilidade em um solo rico em nutrientes que seja propício à agricultura familiar maranhense, pesquisadores apresentaram experimentos sobre o uso do solo numa melhor absorção de nutrientes. “Grande parte dos nutrientes (adubos e fertilizantes) que a gente aplica no solo não consegue ser aproveitada pelas plantas, então algumas práticas podem ser efetuadas para aumentar a eficiência do uso desses nutrientes. Foi o que procuramos demonstrar nesse Dia de Campo”, destacou Emanoel Moura.
O Dia de Campo foi dividido em estações: Na primeira, foram observados o crescimento e produtividade da cultura do milho sob efeito da aplicação de gesso comparada à cobertura dos solos com ramos de sombreiro leucena, para aumentar a resistência das plantas e a absorção dos nutrientes. A segunda estação mostrou a possibilidade de substituição de adubos sintéticos, industriais, por adubos naturais, em especial, um fosfato coletado na ilha de Trauíra, no Maranhão. E no terceiro experimento, foi demonstrada a possibilidade do uso de leguminosas arbóreas na adubação do solo, cobertura e reciclagem de nutrientes, utilizando-se restos do cultivo, o que é popularmente chamado de “palha para cobrir o solo”, adubo que protege o solo contra o impacto das chuvas intensas e aumenta a fertilidade.
Dessas experiências, algumas já estão sendo usadas por agricultores maranhenses. Em Miranda e Brejo já se utilizam o plantio direto na palha de leguminosas em aléias. E no município de São Bento também será instalado.
Mas, para que mais agricultores sejam beneficiados com essa técnica, Emanoel Moura adverte a necessidade de haver mais empenho. “É uma técnica que exige participação maior do poder público, porque o agricultor sozinho não consegue implantar áreas sustentáveis, a tradição do agricultor do norte do Brasil é fazer a agricultura itinerante, que é muito eficiente do ponto de vista dele, ele muda de área, usando a cinza da vegetação natural. No entanto, do ponto de vista da agricultura e sustentabilidade é um sistema que não tem muita perspectiva futura”, afirmou.
O evento foi direcionado apenas a alunos, mas segundo o orientador esse conhecimento deve chegar até a agricultura familiar. “A nossa expectativa é que a participação dos alunos dos cursos de agronomia fosse boa e isso se confirmou. O que está sendo discutido são questões específicas, por isso um Dia de Campo para agricultores deveria ter outra conotação, outra abordagem do assunto. Hoje, o foco foram os alunos, porque o potencial de replicação da informação é muito maior e quando se forma um profissional de agronomia, ele mesmo pode fazer com que esse conhecimento se dissemine geometricamente”, finalizou Emanoel Gomes de Moura.
Além da FAPEMA, o Dia de Campo também teve apoio do CNPq, SEDAGRO, INAGRO, UFMA e INPE.