Biocontrole de pragas em lavouras é usado como alternativa aos inseticidas sintéticos no Maranhão
O armazenamento inadequado de grãos pode acarretar em grandes perdas de alimentos. Essas perdas equivalem, ou mesmo superam aquelas provocadas pelas pragas que atacam a cultura no campo. Uma pesquisa coordenada pelo professor doutor José Fábio França Orlanda, do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz (CESI/UEMA) busca reduzir o crescimento da população de pragas usando o Bioinseticida à Base de Óleo Essencial.
A utilização de plantas com propriedades inseticidas é uma técnica ancestral usada na África e América Central por centenas de anos, mas, com o aparecimento dos inseticidas sintéticos, seu emprego tem sido descontínuo, segundo referência feita por Orlanda em seu projeto de pesquisa, que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA por meio do edital Programa Primeiros Projetos/ 2011.
O projeto visa avaliar a capacidade bioinseticida de óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas no controle de pragas em grãos armazenados, segundo destacou o professor doutor. Ele informou que algumas etapas como a extração de óleo essencial das partes aéreas de plantas aromáticas como arruda, alfavaca, erva-cidreira e hortelã já foram concluídas bem como a avaliação da diversidade de pragas que infestam os órgãos armazenados e a verificação da potencialidade do óleo essencial para aplicação em ensaios inseticidas no biocontrole das pragas em grãos armazenados. As amostras de espécies vegetais estão sendo coletadas no Cerrado Maranhense em diferentes épocas do ano.
“No momento estamos trabalhando na caracterização química dos componentes do óleo essencial, usando a técnica de Cromatografia Gasosa acoplada à Espectroscopia de Massas, Espectroscopia no Ultravioleta e Infravermelho. Também estamos avaliando a toxicidade do óleo essencial”, conta o pesquisador. Os melhores resultados, segundo França, foram obtidos para o óleo essencial extraído da Ruta graveolensL (arruda).
Resultados – Na quantidade acima de 25 µL de óleo essencial/20g (microlitro por grama) de feijão apresentou maior toxicidade aguda, causando 100% de mortalidade em adultos Acanthoscelides obtectus. Em concentração abaixo de 0,5 µL/20g de feijão não apresentou mortalidade dos insetos em estudo, permitindo porcentagem de emergência de 75,64%. A eficiência na mortalidade dos insetos adultos pode estar relacionada com o efeito decorrente das ações de contato e ingestão, pois essas características geralmente estão presentes em óleos essenciais. As investigações prévias em relação ao potencial inseticida de óleos essenciais têm mostrado, em geral, que essa toxicidade, constatada para os óleos de diferentes plantas, sobre pragas de grãos armazenados está relacionada aos componentes majoritários.
O trabalho, quando concluído, irá contribuir para a solução dos problemas, sofridos principalmente pelos agricultores de subsistência, para os quais os grãos armazenados fazem parte da alimentação básica e as condições de armazenamento são precárias. O projeto permitirá ainda a difusão e compartilhamento das experiências em pesquisa, permitindo que o Laboratório de Biotecnologia Ambiental (LABITEC), pertencente ao Grupo de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq “Estudo e Manejo da Biodiversidade da Região Tocantina”, tornar-se um centro de referência para a região.
José França destacou que a Fundação tem desempenhado um papel importante no estimulo do desenvolvimento científico e inovação tecnológica no Maranhão. “A FAPEMA tem proporcionando aos pesquisadores maranhenses condições para realização de projetos de pesquisas e intermediando a transformação do conhecimento científico em instrumento capaz de promover a disseminação da ciência, tecnologia e inovação no país”, concluiu.