Características biológicas do Jurará são investigadas em busca da conservação da espécie

Características biológicas do Jurará são investigadas em busca da conservação da espécie
setembro 13 12:28 2013

PS-PESQUISADOR SÊNIOR - ÁREA CIÊNCIAS AGRÁRIAS

O Kinosternon scorpioides, espécie de tartaruga de água doce, mais conhecida como Jurará, é um dos elementos típicos da Baixada Maranhense. Além de sua importância ambiental, o quelônio possui interesse social e econômico. Isso porque as comunidades ribeirinhas utilizam o animal como fonte de alimento e de renda com a venda clandestina.

Foi justamente essa exploração predatória da espécie que chamou a atenção de um grupo de pesquisadores coordenado pela Profª Dra. Alana Lislea de Sousa. “Observamos que o extrativismo de forma não sustentável vem favorecendo o declínio populacional do Jurará. Estes animais são consumidos indiscriminadamente como iguaria da culinária maranhense, como prato exótico, servido na própria carapaça sob a forma de casquinha. Este consumo ocorre por turistas ou população ribeirinha em bares e restaurantes, apesar de existirem leis que protejam a fauna silvestre”, explica a coordenadora da pesquisa.

Somado a isso, a pesquisadora destaca a intervenção humana no meio ambiente como outro agravante dessa diminuição da espécie. “Fatores das ações antrópicas como o desmatamento, queimadas, poluição e caça predatória de adultos e ovos potencializam a ameaça de extinção da espécie”, argumenta. O trabalho recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA, através do edital REBAX, específico para pesquisas na Baixada Maranhense.

A pesquisadora escolheu a cidade de São Bento para realizar sua pesquisa que tem como objetivo caracterizar a morfofisiologia, a biologia reprodutiva, aspectos biológicos e as respostas metabólicas do Jurará, verificando se há diferenças entre os sexos e nas estações seca e chuvosa do ano em habitat natural. “Conhecer a espécie é importante porque só assim será possível aplicar ações voltadas para o manejo e conservação da espécie e do próprio ambiente com a conscientização da população local e dos órgãos governamentais”, aponta Alana, que é doutora em Medicina Veterinária.

O foco da pesquisa é aliar subsistência e sustentabilidade. “Estudos sobre os aspectos morfofisiológicos desta espécie, em especial aqueles relacionados à reprodução, associados ao conhecimento dos metabolismos e da própria sanidade possibilitam informações que posteriormente poderão ser aplicadas em programas de manejo reprodutivo, voltados para a conservação da espécie e, ainda, permitem a criação comercial com o incremento da sustentabilidade”, finaliza.