Ciclos históricos de Alcântara podem ser observados nas ruínas da cidade
A cidade de Alcântara localizada a 421 km da capital São Luis em percurso percorrido por terra e distante por quase 19 km em linha reta é conhecida com Pompéia Brasileira.
Esse título foi dado por visitantes que acharam semelhanças da cidade maranhense com os prédios e teatros de Pompeia, cidade localizada no sul da Itália e que foi soterrada pelo vulcão Vesúvio.
Na história do Maranhão, Alcântara abrigou a sede da aristocracia rural do estado e o foi exatamente isso que levou a cidade ao apogeu e também ao seu declínio.
As marcas deixadas no tecido urbano alcantarense por essas transformações foram objetos de estudo da professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, Grete Soares Pflueger.
A pesquisadora buscava entender o fenômeno da morte das cidades e teve sua pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão-FAPEMA por meio do Edital Unviversal.
Os primeiros a ver o arruinamento naquelas terras foram os índios tupinambás, da então aldeia Tapuitapera, exterminada pelos portugueses.
Mais tarde, entre os anos de 1770 e 1809, a cidade era o centro da aristocracia rural agroexportadora e mantinha fortes relações com a capital da metrópole, Lisboa.
“Alcântara serve para compreender os movimentos dinâmicos que têm as cidades, de conexão e desconexão das redes locais e globais, que são teorias bem contemporâneas do urbanismo. Esses diferentes ritmos cronológicos, econômicos, urbanos, temporais fazem a dinâmica das cidades”, pontua Grete Pflueger.
As construções seguiam a estrutura de uma aldeia religiosa, com casarões levantados em torno dos conventos do Carmo e Mercês e da Igreja Matriz.
“Na praça central, há um conjunto de arquitetura barroca de suma importância para o Estado”, afirma a pesquisadora, ressaltando, também, a presença do estilo do Marquês de Pombal, o mesmo usado no plano de reconstrução de Lisboa, após o terremoto de 1775.
Os sobrados desse período têm cinco portas, cinco janelas e revestimento de azulejos.
“O conjunto urbano do final do século XVIII possui requinte de acabamento. Mas no século XIX, com a decadência econômica, houve um processo sistemático de arruinamento dos sobrados”, explica.
A rua Bela Vista, construída de frente para o mar, passou a ser chamada de rua da Amargura, uma referência emblemática ao declínio da cidade.
“Alcântara é conhecida ora como monumento, ora como cidade em ruínas, pelo conjunto expressivo das ruínas que tem dentro da malha urbana. São ruínas de alto porte, como da Matriz e do Palácio Negro”, observa Grete Pflueger.