Cientista inglês propõe banco de dados de sementes no Brasil
O cientista britânico Wolfgang Stuppy, que participa do projeto “Banco de Sementes do Milênio”, do Reino Unido, esteve no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), em Manaus, onde ministrou um curso de morfologia de frutos e sementes para alunos do Programa de Pós-Graduação em Botânica.
Durante a atividade, o cientista levantou a possibilidade do processo de coleta de sementes ser realizado no Brasil, como medida preventiva frente aos desafios globais atuais, como as mudanças climáticas. “Conhecendo as características das sementes, você pode iniciar a conservação do banco como medida preventiva para o futuro. Isso poderia ser feito no Brasil”, explica o cientista, ressaltando a grande variedade de espécies na biodiversidade amazônica.
Stuppy atua no instituto internacional The Royal Botanic Gardens, Kew e, entre outras atividades, já foi colaborador do projeto Svalbard Global Seed Vault, na Noruega, que ficou mundialmente conhecido como “Projeto Arca de Noé”, que também armazena sementes de espécies de plantas de todas as partes do mundo.
Sobre a importância da presença do pesquisador no Inpa, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Botânica do Instituto, Maria Lúcia Absys, destaca o valor dos conhecimentos ministrados nos cinco dias de curso. “A diversidade aqui é muito rica, e os alunos estão aplicando uma série de conhecimentos na prática. Stuppy é renomado na área de taxonomia outros assuntos ligados a botânica”, afirma.
Estudo das sementes
A pesquisa sobre frutas e sementes, segundo o pesquisador, ajuda também a entender como se dá a distribuição das espécies em uma determinada região. O estudante do curso de Pós-Graduação em Ecologia, Carlos Eduardo, os estudos adquiridos possibilitam saber qual é o papel ecológico das sementes e como elas se propagam.
“É possível entender como as sementes funcionam e assim compreender porque algumas sementes se estabelecem ou não em determinado lugar e o que vai ajudar a entender melhor os processos”, afirmou. A pesquisadora do Inpa Isolde Ferraz, que acompanhou toda a atividade, explica que algumas frutas, quando não maduras, podem representar perigo.
“No curso oferecido por Stuppy pudemos entender, por exemplo, que um fruto poderia ser venenosos quando imaturo. Muitos frutos precisam ser cozinhados para tornar o veneno inativo”, declarou Isolde Ferraz. Para ela, é preciso conhecer mais as frutas e sementes da região para que se possa implementar o conceito de desenvolvimento sustentável.
“A Amazônia tem uma grande biodiversidade. Se nós conhecermos as espécies que existem nessa grande biodiversidade, vamos conservá-la”, declarou.