Comércio ilegal devasta população de tartarugas em risco de extinção

Comércio ilegal devasta população de tartarugas em risco de extinção
fevereiro 24 13:22 2010

Ninguém sabe quantas tartarugas das Filipinas (Siebenrockiella leytensis) ainda existem no meio ambiente silvestre – mas seja quantas forem, o comércio ilegal vem fazendo com que o número decresça de forma bastante rápida, avalia Pierre Fidenci, presidente do Endangered Species International (ESI), de San Francisco.

O réptil, considerado extinto, foi redescoberto em 2001, quando cientistas encontraram diversos deles à venda em mercados locais. Desde então, apenas uma população foi encontrada, na ilha de Palawan – e ela já está decrescendo. “Em alguns riachos, onde a tartaruga das Filipinas costumava existir em abundância, tornou-se difícil, quando não impossível, encontrá-la”, constata Fidenci.tartarugasmat

Por que o declínio? Segundo o presidente da ESI, a tartaruga é tão rara e tão impressionante que se tornou um animal de estimação muito desejado no mercado. Nos últimos quatro anos, os membros organização encontraram mais de 170 tartarugas para venda em mercados de animais em Manila. Os répteis eram mantidos no fundo de lojas e trazidos ao potencial comprador apenas quando nenhum tipo de risco fosse percebido. “Não há dúvidas de que mais de 500 tartarugas são vendidas todos os anos”, garante Fidenci. A espécie é legalmente protegida nas Filipinas, mas a coerção do comércio é rara.

A redescoberta dos répteis no meio ambiente selvagem foi “a gota d’água para tamanho declínio. A procura por essa tartaruga enigmática e rara se tornou desenfreada entre os negociantes”, constata o presidente da ESI. Segundo ele, investigações da organização descobriram que os répteis são vendidos por valores entre US$ 50 e US$ 75 nas Filipinas e, após serem exportadas para o Japão, Europa e EUA, os preços chegam a atingir US$ 2.500 cada.

A ESI pressiona as autoridades locais, pedindo a coibição da prática ilegal em Palawan, mas sem resultados. Até agora, é “comércio comum e nenhuma medida foi tomada para eliminar de vez a negociação por que há falta de liderança para ir adiante”, relata o responsável pela organização.

Como, então, a tartaruga pode ser salva? Fidenci pede a criação de uma unidade especial para monitorar o comércio ilegal, além da criação de modos de vida alternativos para aqueles que estão capturando as tartarugas no meio ambiente. Uma das soluções defendidas por ele seria “transformar os negociantes em preservadores e oferecer-lhes uma remuneração por seu empenho”. Como o hábitat das tartarugas tem apenas 150km por 50km, Fidenci afirma que a empreitada não exigiria muitos recursos e que “é possível atingir o objetivo de salvar essa espécie de tartaruga da extinção”.