“Conhecimento científico ajuda na soberania na Amazônia”

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Por Ivanildo Santos 16 de novembro de 2009

Regularização de terras na Amazônia e todas as questões ligadas ás populações tradicionais estiveram em pauta na 9º edição do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos. O evento, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) reuniu, no auditório da instituição, pesquisadores, membros de Universidades e entidades privadas.amz6

O objetivo do encontro, realizado na última sexta-feira (13), é discutir como o conhecimento científico pode ajudar na elaboração das políticas de conservação para o tão sonhando desenvolvimento sustentável.

O palestrante convidado foi o antropólogo Alfredo Wagner (UFAM/UEA) que é membro do projeto Cartografia da Amazônia. Ele abordou questões ligadas a Sociodiversidade, identidades coletivas e formas de mobilização na Amazônia.

Para o antropólogo, entender a dinâmica dos acontecimentos na região é uma questão de estratégia tanto para governos como para outras instituições. “Há várias estratégias em jogo. Comunidades tradicionais têm a estratégia da preservação, dos governos é a do desenvolvimento e há ainda o interesse de entidades privadas e ONGs”, disse.

Vendas internacionais

O antropólogo demonstrou sua preocupação com a questão fundiária e enfatizou a compra de terras na Amazônia por grandes empresas internacionais. Segundo Wagner terras da Amazônia são vendidas por 35 libras (cerca de R$ 100) na Internet.

“Essas empresas que conseguiram terras em Manicoré. Elas ( as empresas) abriram sites que possibilitaram, por exemplo, um investidor de classe média de um país europeu comprar terras na Amazônia”, declarou.

Ainda segundo o antropólogo, o avanço das pesquisas contribui para a manutenção da soberania. “Temos de ter um conhecimento mais detalhado da Amazônia, não basta ter uma idéia de fora. O conhecimento científico ajuda na questão da soberania na Amazônia”.

O Inpa nas discussões

O diretor em exercício do Inpa, Wanderli Pedro Tadei, avaliou como positivo o encontro uma vez que insere o instituto nas discussões que podem dar rumo às políticas públicas para a Amazônia.

“A participação do Inpa é extremamente importante. Toda essa discussão permite trazer para um público maior o quanto vai ser importante esses registros, para que toda e qualquer regularização fundiária respeite a população tradicional”, enfatizou.

O resultados dos debates do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos são colocados em um livro. A terceira edição com as discussões gerais de 2009 deve ser lançada no ano que vem.