Estratégia de controle biológico é usada no combate a pragas no cultivo de arroz
Para evitar o uso descriminado de agrotóxicos nas plantações de arroz, a contaminação do meio ambiente e do homem, uma pesquisa propôs a estratégia do controle biológico, em que utiliza um parasitóide, inimigo natural do percevejo, como forma de oferecer ao agricultor familiar uma alternativa de controle de pragas.
Esse trabalho venceu o Prêmio FAPEMA 2013, na categoria Dissertação de Mestrado, modalidade Ciências Agrárias e foi desenvolvido por Keneson Gonçalves e a orientadora Raimunda Lemos, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA.
O principal vilão do arroz é um percevejo conhecido, popularmente, na Baixada Maranhense, como cangapara. E para combater a ação do inseto, muitos produtores utilizam agrotóxicos de forma excessiva nas plantações.
A pesquisa fez um levantamento, procurando os heróis, ou melhor, os inimigos naturais responsáveis por eliminar o percevejo.
Durante a investigação, três espécies de parasitóides responsáveis por eliminar a cangapara foram encontradas: Oencyrtus submetallicus, Trissolcus basalis e Telenomus podisi.
“Viajávamos para Miranda do Norte, Matões do Norte, Arari e Santa Rita. Nessas áreas, abríamos cada touceira de arroz para coletar o percevejo e também os ovos, as posturas que são colocadas pelo percevejo fêmea. As posturas e os insetos foram colocados no laboratório em condições ambientais, esperando emergir os parasitóides.”, explicou o doutorando Keneson Gonçalves.
Depois desse processo da emergência, os insetos eram separados e mandados para um especialista na área para fazer a taxonomia, identificação do parasitóide, no caso, o inimigo natural.
Uma das primeiras iniciativas do projeto é tentar esclarecer ao agricultor que existem insetos que são benéficos para as plantações, ou seja, são responsáveis pelo controle natural.
O trabalho recomenda ao agricultor o uso de produtos seletivos que possuem efeito de eliminar só a praga. Até chegar o momento de não usar nenhum veneno nas lavouras de arroz.
“No máximo em três anos, conseguiremos adequar essa técnica aqui no laboratório e levar para o campo” avalia Raimunda Lemos, coordenadora da pesquisa
A pesquisadora Raimunda Lemos faz, ainda, um alerta sobre a aplicação de veneno de forma indiscriminada e dos enormes prejuízos ao ser humano.
“Consumimos muito resíduo de agrotóxico, porque dificilmente você encontra alimentos que não tenham nenhum resíduo. Logicamente, em níveis abaixo daquilo que é permitido consumir”, explica Raimunda Lemos.
“Tentamos fazer com esses pequenos agricultores é conscientizá-los do perigo, orientá-los no sentido minimizar o uso de agrotóxicos nas lavouras para que tenhamos uma alimentação, inclusive, mais saudável”, destacou a coordenadora.