Estudo aprofundado em Entomologia Forense é desenvolvido no Maranhão

Porcos domésticos usados como modelo
Por Ivanildo Santos 27 de maio de 2014

Porcos domésticos usados como modeloNo Brasil há registros de estudos da Entomologia Forense, ciência que aplica o estudo dos insetos nos procedimentos de investigações criminais, a partir de 1908, com Edgar Rochette Pinto e Oscar Freire.

Com o passar do tempo essa ciência se consolidou como uma valiosa ferramenta para determinar aspectos de uma morte como a data e o lugar.

Entretanto, em contraponto ao norte do globo, como mostram os shows de ficção na TV, em regiões de clima tropical não existe um banco de dados consolidado a respeito das espécies de insetos necrófagos.

Maranhão um trabalho pioneiro está mudando esta realidade. Um estudo da Entomologia Forense vem sendo coordenada pelo perito forense do Instituto de Criminalística e Medicina Legal do estado e entomólogo, Orleans Silva.

O projeto, em parceria com o Laboratório de Entomologia e Vetores da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, é dirigido pelo professor José Macário Rebelo, e recebe o apoio da FAPEMA, através do edital Universal nº001/2012.

A metodologia usada no estudo maranhense é a mesma já consolidada mundialmente. DSC 2727 - Cópia

O modelo vem da Fazenda de Corpos do Tennessee, nos Estados Unidos, entretanto aqui são usados animais e não humanos.

“O uso de animais que possam ser comparados, no comportamento pós morte, com humanos foi estudado durante muito tempo. Um porco doméstico entre 20 e 23 kg é o modelo padrão”, explica o perito maranhense Orleans Silva.

São usados modelos em campo, onde os porcos simulam cadáveres humanos. Os estudos são controlados e os animais ficam em gaiolas de metal com cobertura de tela de mosquiteiro.

A máxima proximidade com a realidade é buscada pela equipe, usando, por exemplo, mortes por armas de fogo. “Monitoramos desde a temperatura do ambiente até o último estágio de decomposição”, comenta Orleans.

“Identificamos, por exemplo, que formigas afetam o estado de decomposição. Em um mesmo intervalo de tempo um corpo deixado próximo à um formigueiro apresenta avançado estado de decomposição, enquanto outro deixado longe das formigas apena incha, o que seria o esperado para o intervalo pós morte”, explicou o entomologista.

Quando o banco de dados estiver pronto a polícia do Maranhão poderá utilizar essas informações para solucionar perguntas como quem é o morto, há quanto tempo ocorreu a morte, se foi suicídio, e em que circunstâncias a morte ocorreu.