Estudo avalia águas do Rio Mearim em Bacabal

Rio Mearim 1
Por Ivanildo Santos 7 de março de 2016

Rio Mearim 1A pesquisa foi desenvolvida com estudantes do ensino médio e o apoio da Fapema

Nascido na confluência das serras Negra e Canela, a uma altitude de aproximadamente 450 metros, o Rio Mearim é um dos principais do Maranhão. Suas águas banham as cidades de Barra do Corda, Pedreiras, São Luiz Gonzaga, Arari, Vitória do Mearim e Bacabal e é sobre esse último município que se concentra o projeto Estudo bacteriológico e físico-químico em amostras da água do Rio Mearim do município de Bacabal – MA, apoiado pelo edital Maranhão Faz Ciência (PROCIÊNCIA), programa voltado para o estímulo da iniciação científica em escolas públicas de ensino fundamental e médio, no Maranhão. Os trabalhos são coordenados pela pesquisadora Francely Carvalho de Sousa. Com os resultados do trabalho, os pesquisadores esperam colaborar no desenvolvimento de estratégias de controle da qualidade da água.

O projeto foi desenvolvido com a participação de Lucas Moisés de Oliveira e Georgia de Andrade Brito, alunos do Ensino Médio do Centro de Ensino Presidente José Sarney, onde Francely Carvalho de Sousa leciona a disciplina de Biologia e é responsável pelo Laboratório de Ciências. Os estudantes participaram de todas as etapas do projeto, desde a coleta, até a produção do relatório final.

A pesquisa surgiu da necessidade de estimular o aprendizado por meio de uma atividade diferenciada no âmbito escolar, ou seja, vivenciar a iniciação científica de forma concreta com análises de dados e produção científica. “Foi assim que nasceu a ideia de pesquisar a qualidade da água do Rio Mearim, que é fonte de renda de diversas famílias e também de lazer”, conta a professora, que revela, ainda, que a iniciativa foi bem recebida pelos estudantes. “Eles encaram o projeto como um desafio significativo e fundamental para o aperfeiçoamento”.

Processo – O Estudo bacteriológico e físico-químico em amostras da água do Rio Mearim do município de Bacabal – MA foi realizado em etapas e a primeiraRio Mearim 2 delas foi a realização de um minicurso sobre normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para os alunos. Em seguida foi iniciado o estudo teórico sobre o tema da pesquisa, que, segundo Francely Carvalho, forneceu suporte para a elaboração dos primeiros questionamentos relacionados à qualidade da água, às técnicas que seriam utilizadas para a análise, bem como a verificação sobre os órgãos que regulamentam a água no país. Somente depois desse processo foi que os pesquisadores tiveram contato direto com o Mearim coletando a água, analisando a margem e toda sua estrutura. “Utilizamos sensores multiparâmetro de temperatura, condutividade e pH para a análise físico-química. Já os estudos microbiológicas foram feitos pelo método dos números mais prováveis (NMP-100ML). Utilizamos, ainda, testes para avaliação da água e meios de cultura específicos para o material em estudo, no caso, bactérias descreve Francely Carvalho de Sousa.

E os resultados? A pesquisa apontou que a qualidade da água do rio Mearim está dentro dos limites estabelecidos para águas de classe 2 (descrição abaixo). “Isso para os parâmetros físico-químicos”, explica Francely Carvalho. No que se refere à análise microbiológica, os estudos indicam níveis elevados de bactérias do grupo das enterobactérias (Escherichia coli) termotolerantes ou fecais, que se encontram acima do permitido. “Os resultados microbiológicos podem ser usados como indicadores de contaminação pois sabemos que quanto maior a população de coliformes na água, maior será a chance de contaminação”, destaca a pesquisadora, que aponta que esse problema deve-se ao despejo de esgotos domésticos, lixos e outros problemas relacionados a ações antrópicas.

A pesquisa já está encerrada, mas Francely revela que está apenas aguardando um novo edital do Prociência para dar início à segunda fase dos trabalhos, que consiste, basicamente, na análise de resistência das bactérias identificadas nas águas do Mearim. “A nova etapa”, conta a professora, “deverá incluir a entrega de um relatório aos órgãos competentes, para que sejam elaboradas estratégias de descontaminação e preservação dos recursos hídricos”, finaliza Francely Carvalho de Sousa.

Águas de classe 2 – São as destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário; irrigação de hortaliças e frutíferas; à criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação humana. A classificação é definida pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH – Lei N. 9.433/97), segundo a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n.º 20, de 18 de junho de 1986.