Estudo avalia potencial terapêutico de produtos naturais contra agentes infecciosos

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Por Ivanildo Santos 29 de janeiro de 2014

remedioSegundo estimativas da Organização Mundial de Saúde – OMS, 80% da população mundial utiliza os recursos da medicina popular para suprir as necessidades de assistência médica primária, em consequência do alto custo dos medicamentos alopáticos. Uma publicação da Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de março de 2004, no entanto, instituiu e normalizou o registro de fitoterápicos no Brasil, exigindo a realização de uma extensa avaliação científica, metódica e exata, que permita constatar as propriedades terapêuticas de plantas medicinais.

“Dessa forma, um medicamento fitoterápico é todo produto de origem vegetal com propriedades terapêuticas, evidenciadas por meio de testes pré-clínicos e clínicos e aprovados pelo Ministério da Saúde. Os produtos que não atenderem a essas exigências serão considerados complementos alimentares – classificação da maioria das cápsulas naturais e todos os chás disponíveis no mercado”, explica a doutora em Imunologia, Flávia Raquel Fernandes do Nascimento.

As plantas são importantes fontes de substâncias. Muitas delas se constituem em matérias-primas ou protótipos para síntese de novos fármacos. Estima-se que 40% dos medicamentos comercializados são desenvolvidos de fontes naturais. No entanto, de acordo com Flávia Raquel Fernandes, contrariando o fato de que o Brasil tem um potencial incalculável na biodiversidade como fonte de novos compostos para o desenvolvimento de fármacos, o país possui uma dependência na produção de medicamentos.

“O estudo de bioprospecção, visando à concessão de patentes é ainda muito escasso seja pela falta de investimentos das indústrias farmacêuticas brasileiras em pesquisa e desenvolvimento ou mesmo pela modesta política de incentivo à biotecnologia. Este cenário é preocupante, pois, a exemplo da produção de fármacos sintéticos, o Brasil, apesar de possuir a maior biodiversidade mundial, pode se tornar mero importador de matérias-primas vegetais e reprodutor de formulações fitoterápicas, já que os investimentos em outros países na produção e desenvolvimento de novos alvos terapêuticos é consideravelmente superior”, defende.

Para tentar solucionar parte dessa problemática, a doutora está coordenando a pesquisa “Avaliação do potencial profilático e terapêutico de produtos naturais contra agentes infecciosos. Uma abordagem imunológica, parasitológica e microbiológica”. O estudo tem como objetivo desenvolver bioprodutos derivados de produtos naturais para o controle de algumas doenças infecciosas, incluindo as leishmanioses, a malária e as de origem bacteriana, todas com elevada prevalência no estado do Maranhão.

“Levando-se em consideração que as plantas são conhecidas como a principal fonte de drogas utilizadas na terapia e ainda que a maioria das pessoas que vivem em países em desenvolvimento édependente de informações etnofarmacológicas para suprir as necessidades primárias de saúde, faz-se necessário o reconhecimento e validação dessas informações e a procura por novas estratégias derivadas de produtos naturais para o controle dessas doenças infecciosas”, argumenta a pesquisadora.

Além de fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento regional, com o estudo, a coordenadora do projeto pretende gerar patentes dos bioprodutos derivados dos produtos naturais e captar recursos a partir da interação entre as Instituições públicas e a Indústria privada. “Queremos também, como resultado da pesquisa, buscar a iniciativa privada no sentido de produzir e comercializados bioprodutos em larga escala”, planeja Flávia Fernandes.