Estudo desenvolve novos índices nutricionais na assistência de pacientes em tratamento dialítico
As doenças renais impõem desafios clínicos diretamente ligados ao estado nutricional do paciente à medida que afeta praticamente todos os órgãos e sistemas do organismo e contribui para a ocorrência de importantes distúrbios nutricionais, entre eles a desnutrição energética protéica ou obesidade.
A avaliação nutricional do renal crônico torna-se então um desafio, despertando o interesse de pesquisadores quanto a busca de novos índices nutricionais que possam resultar em avaliações mais precisas e em uma assistência mais eficaz.
Uma dessas pesquisas está em curso sob a coordenação da professora doutora, Ana Karina Teixeira da Cunha França, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) por meio do Edital Universal/2013. O trabalho busca implementar novos índices nutricionais na assistência, seguida da coleta sistemática de dados de prontuários que permitirão a comparação entre os diferentes índices e a avaliação de mudanças do estado nutricional ao longo do período de estudo.
O trabalho contempla os pacientes submetidos ao tratamento dialítico do Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário da UFMA. Ao final do estudo previsto para agosto deste ano, pretende-se identificar novos índices nutricionais que possam contribuir para uma avaliação nutricional mais precisa.
“O conhecimento produzido por este estudo poderá melhorar o planejamento da assistência nutricional bem como a implementação de novas intervenções, que influenciarão na melhoria do estado nutricional do paciente e, consequentemente, na redução da morbimortalidade”.
No estudo, segundo explicou a pesquisadora, estão sendo utilizados o diâmetro abdominal sagital (DAS) e o índice de adiposidade corporal (IAC), índices que têm sido estudados devido à correlação elevada com a gordura visceral, aliada à facilidade de aplicação e ao baixo custo. Embora menos conhecidos entre os profissionais e menos difundido na literatura, o DAS e o IAC, segundo Ana Karina, vêm ganhando espaço no meio científico, principalmente a partir de trabalhos pioneiros em estabelecer tais índices como medidas antropométricas preditoras do risco de morbidade e mortalidade cardiovascular.
Ana Karina conta que outro o índice nutricional pouco conhecido, mas descrito recentemente em pacientes submetidos à diálise e também utilizado na pesquisa é o o dinamometria manual (DNM). “Este avalia as alterações na força muscular e tem sido reconhecido como indicador mais sensível e com boa correlação com mudanças no estado nutricional e complicações clínicas”.
A avaliação do estado nutricional, realizada pelos índices tradicionalmente utilizados revela que, por meio do índice de massa corporal (IMC), 54,8% dos pacientes estavam eutróficos e 27,4%, com excesso de peso. De acordo com a prega cutânea do tríceps (PCT), 52,0% dos indivíduos avaliados apresentou algum grau de desnutrição, principalmente grave (35,6%). Merece destaque, ainda, o diagnóstico de obesidade em 28,8% dos pacientes avaliados por esse mesmo índice.
De modo semelhante, a avaliação do estado nutricional segundo a circunferência muscular do braço (CMB) revelou maior percentual de pacientes desnutridos (56,2%). A avaliação nutricional por meio dos novos índices ainda está na fase de coleta e análise dos dados.
Dados sobre a doença – Não existem dados sobre a prevalência de doença renal crônica nos estágios iniciais. De acordo com dados do Censo Brasileiro de Diálise da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2013, o número estimado de pacientes em tratamento dialítico no Brasil foi de 100.397. Vale destacar que destes, 90,8% eram submetidos hemodiálise e 84,0% faziam tratamento financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Na cidade de São Luís, no que diz respeito ao tratamento hemodialítico, atualmente existem quatro centros de diálise com aproximadamente 1100 pacientes cadastrados, porém, no Estado do Maranhão existem outros centros nas cidades de Imperatriz, Bacabal, Pedreiras e Caxias.