Estudo vencedor do Prêmio FAPEMA 2011 transforma resto de óleo de cozinha em sabão
Um estudo desenvolvido no município de Zé Doca, a 256 quilômetros de São Luís, conseguiu produzir uma alternativa sustentável e socioeconômica para o reaproveitamento do óleo de cozinha. A pesquisa transformou o resíduo de óleo em sabão. Esse projeto foi vencedor do Prêmio FAPEMA 2011, na Categoria Jovem Cientista, e a premiada foi Kelly Suellen Lima Silva.
Provavelmente, você já ouviu falar que não se deve descartar o óleo de cozinha usado na pia ou no lixo. Os estragos, quando lançados no meio ambiente, podem ser devastadores. Para cada litro de óleo jogado no ralo, um milhão de litros de água são contaminados. E em alguns casos esse resíduo vai direto ao mar através da rede de esgoto. Mas o trabalho da jovem cientista desenvolveu uma forma de evitar a contaminação no solo e nos igarapés, transformando o resto do óleo de cozinha em sabão.
O estudo de implantação de um sistema de coleta seletiva e aproveitamento de resto de óleo de cozinha para produção de sabão foi desenvolvido no Instituto Federal do Maranhão (IFMA), de Zé Doca, pelo Grupo de Pesquisa em Análises Químicas Sustentáveis – GPAQS, do qual Kelly Silva faz parte. Ela explicou as etapas do processo para obtenção do sabão: “É um trabalho de implantação de coleta seletiva. Fechamos um acordo com comerciantes, donos de restaurantes e churrascarias para que pudéssemos recolher o óleo que eles descartavam de forma errônea no meio ambiente, e depois passamos a recolher esse óleo uma vez por semana em bombinas de cinco litros, que em seguida eram transportados para o laboratório de química do IFMA – Campus Zé Doca. O óleo usado é tratado e liberado para estoque para produção de sabão e sabonete”, explicou.
A pesquisa mostra ainda que, além de gerar grandes impactos ambientais, o óleo quando ultrapassa a temperatura de 200° Celsius a qualidade funcional, sensorial e nutricional sofre modificações prejudicando os alimentos e a saúde humana. “O óleo quando submetido a altas temperaturas em um período longo, perde todas as qualidades funcionais e a partir desse ponto a saúde do homem corre risco, provocando doenças como hipertensão arterial e colesterol alto. Então, essa também foi uma forma de conscientizar os estabelecimentos a não reutilizar, exageradamente, esse óleo de cozinha”, afirmou.
Segundo a estudante, os resultados obtidos estão de acordo com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “Para isso, fizemos testes físico-químicos. Daqui para frente, temos a pretensão de fixar a implantação de coleta seletiva e continuar produzindo sabão, e não só em troca do óleo com esses estabelecimentos, mas também como fonte renda”, completou Kelly Silva.
O Grupo de Pesquisa em Análises Químicas Sustentáveis, do IFMA de Zé Doca, é formado pelas estudantes Kelly Silva, Liliane Vieira e Darleila Costa, sob a orientação do professor José Sebastião Vieira.