Filme etnográfico narra histórias de artesãs em Alcântara (MA)
A vida das mulheres no quilombo de Itamatatiua em Alcântara – MA começa cedo. A rotina inicia em buscar água potável na fonte, cuidar da lavoura, colocar os animais no pasto, arrumar as crianças para ir para a escola e então ir para o trabalho, no Centro de Produção de Cerâmica. Louças das mais diversas são produzidas pelas artesãs de Itamatatiua, que acabaram criando uma identidade para a comunidade onde vievem, com o artesanato local.
A designer gráfico, Raquel Noronha e sua equipe, acompanharam a rotina e registraram no dia-a-dia, o ofício dessas artistas. Esse registro tornou-se um documentário de 15 minutos, chamado “À mão e fogo”, tendo sido um dos filmes participantes do 37° Festival Guarnicê de Cinema, em São Luís – MA.
O curta metragem faz parte do projeto Iconografias do Maranhão, coordenado pela professora mestre Raquel Noronha e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA, por meio do edital Universal 2012.
A produção do audiovisual teve duração de oito meses e captou cerca de 200 horas de conversas e imagens junto às artesãs participantes do filme. A equipe do projeto, estudantes do curso de Design da Universidade Federal do Maranhão – UFMA participou de oficinas de roteiro e filmagem. Cada etapa da produção foi realizada junto às artesãs, que colaboraram na construção da narrativa do filme.
O documentário é parte dos estudos nas áreas de Antropologia e Design da professora Raquel Noronha que está ligada ao Departamento de Desenho e Tecnologia da UFMA.
Questões como “quanto custa levar o quilombo para casa, na forma de um souvenir? Qual o valor atribuído pelos turistas que chegam a Itamatatiua? são levantadas no curta. O objetivo foi “registrar os aspectos culturais da produção cerâmica, um saber-fazer que encontra-se em risco de se perder, pela falta de continuidade da produção pelas jovens do povoado”, disse Raquel.
A professora complementa: “À mão e fogo é um filme experimental. É minha primeira investida no mundo do audiovisual e a intenção principal foi estabelecer um diálogo com as artesãs de Itamatatiua. A partir da construção das imagens foi possível aprofundar meu entendimento sobre aquela realidade, sobre aquele saber-fazer e sobre aquelas mulheres. Aprendi a olhá-las, representando-as”, finaliza Raquel Noronha.