Flor do cajueiro pode ajudar no tratamento contra o diabetes, revela estudo apoiado pela FAPEMA
Os efeitos de diferentes partes do cajueiro no tratamento da diabetes foi o tema da pesquisa do nutricionista e doutorando em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), Tonicley Alexandre da Silva, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Esse trabalho, que foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital Universal, verificou que as flores do cajueiro podem reduzir o nível de glicose no sangue.
O nutricionista retirou extratos vegetais de folhas, cascas e flores e administrou oralmente em camundongos que apresentavam predisposição para diabetes e descobriu o efeito positivo das flores.
“A literatura já mostrava vários estudos feitos a partir da casca, das folhas e de outras partes do cajueiro, mas nada relacionado às flores no tratamento da diabetes. Em nossa pesquisa, observamos que as flores também têm essa propriedade e a concentração encontrada nelas, em relação a outros extratos, é muito maior”, contou Tonicley Silva.
Ele explicou que a alta concentração do princípio ativo derruba um grande obstáculo que inviabilizava a comercialização do medicamento extraído do cajueiro.
“Antes, seria necessária uma quantidade muito grande de substratos (folhas e cascas) para se conseguir uma quantidade de produto capaz de ter esse efeito benéfico. Com as flores, observamos que uma pequena quantidade já teria o mesmo efeito de uma grande quantidade de outras partes da planta”, observou o doutorando.
A pesquisa já obteve bons resultados com a utilização das flores do cajueiro, como a diminuição da fome e da sede de animais e a redução da glicose sanguínea. E somado a esses pontos positivos, ainda se observou o aumento na produção de insulina (hormônio responsável pela redução da glicemia, a taxa de glicose no sangue) e uma diminuição de triglicerídeos, causadores de problemas cardiovasculares e de doenças relacionadas ao metabolismo de gordura no organismo.
A descoberta do novo produto pode significar o desenvolvimento de uma nova opção terapêutica para o tratamento da diabetes, com possibilidade de menos efeitos colaterais (hipoglicemia, erupções cutâneas, problemas estomacais, dentre outros) comparados aos produtos já disponíveis no mercado.
“Além disso, se conseguirmos descobrir um princípio ativo a partir de uma planta que é nativa, não só do nosso estado, mas do Nordeste, possibilitaremos a exploração dessa espécie que é abundante, proporcionando um incremento da renda dessa população que trabalha com a planta”, pontuou Silva.