Fruto do cerrado pode gerar mais renda às comunidades extrativistas
Ele tem aparência e sabor singulares e é bastante utilizado na culinária das cidades do cerrado. O pequi, uma espécie tipicamente brasileira, pertencente à família Caryocaraceae e encontrado comumente no cerrado maranhense, é um alimento do qual sobrevivem muitas famílias, por meio da atividade extrativista.
Mas, atualmente, apenas a polpa do pequi é utilizada na mesa maranhense.
Pensando em alternativas sustentáveis de aproveitamento integral do alimento, a pesquisadora Antonia de Sousa Leal, do Centro de Ciências Exatas e da Terra, Campus Grajaú, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), desenvolve um projeto de forma interdisciplinar que pretende propor meios de melhorar a utilização do pequi, agregando mais valor ao fruto e gerando renda às famílias que dele dependem.
Associar o valor alimentício e o potencial químico do fruto à geração de vários produtos é um dos objetivos da pesquisa, apoiada pela FAPEMA por meio do Edital Universal.
“Os produtos obtidos pelo aproveitamento integral do fruto do pequi favorecerão a valorização e preservação das espécies nativas, influenciando de forma positiva na renda das famílias que dependem da venda dos pequis”, explica Antonia Leal.
As partes antes descartadas, como o caroço e a casca, podem ser utilizadas para o desenvolvimento de novos produtos. A pesquisadora enumera algumas das possibilidades: “Da casca do fruto do pequi pode ser extraída a pectina, um polissacarídeo de grande aplicação na área alimentícia e farmacêutica.
O caroço e a casca podem ser utilizados na obtenção de carvão ativado para fins de tratamento de água. Da polpa e amêndoa do pequi se extrai um óleo rico em constituintes químicos de aplicação na área farmacêutica e cosmetologia”.
“O isolamento e aplicação desses produtos obtidos a partir do pequi poderiam agregar valor ao fruto através de uma cooperativa, ou uma pequena indústria de beneficiamento para coleta do pequi e separação de tais produtos, e sua comercialização para diferentes setores industriais”, esclarece a pesquisadora.
Para que o extrativismo do pequi possa se tornar uma atividade economicamente mais rentável para a comunidade local, um dos objetivos da pesquisa também é promover um processo educacional entre a população, levando conhecimento a partir dos resultados que forem obtidos após a pesquisa experimental, com palestras, encontros, concursos e produção de material didático-científico sobre o aproveitamento integral do pequi no âmbito acadêmico, escolar e comunitário.
“Também pretendemos promover a discussão sobre os produtos da cadeia produtiva do pequi entre agricultores extrativistas, e sobre produção e consumo sustentável entre os consumidores”, acrescenta.
Com apoio da FAPEMA, a pesquisadora conta que o laboratório de Química do Campus Grajaú está sendo estruturado, despertando a curiosidade e estimulando o envolvimento dos alunos bolsistas participantes do projeto.
“Ao fomentar e incentivar o conhecimento técnico-científico e sua aplicação prática criativa, a FAPEMA ajuda na formação de indivíduos com uma visão mais crítica da sua realidade local, promovendo mudança de comportamento frente aos recursos naturais disponíveis de forma sustentável.
O projeto coloca os agentes envolvidos no caminho de transformar a sua realidade por meio da pesquisa, propondo alternativas tecnológicas para resíduos gerados a partir do fruto do pequi”, conclui Antonia de Sousa Leal.