Inpe comemora 48 anos de atividades

Por Ivanildo Santos 5 de agosto de 2009

Reconhecido no mundo todo por seus sistemas de monitoramento, estudos climáticos e previsão do tempo, ciências espaciais, atmosféricas e do ambiente terrestre, engenharia de satélites e pela excelência de seus cursos de pós-graduação, o InstitutInpeo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) está completando 48 anos.

Nesta quarta-feira (5), às 9h30, uma solenidade marca o aniversário da instituição. O evento será na sede do Inpe, em São José dos Campos, com a presença de autoridades da região e dirigentes de vários centros de pesquisa.

Na ocasião, serão homenageados os servidores que completam 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 anos de atividades, os aposentados no último ano, bem como os servidores que tiveram destaque nas carreiras de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Gestão. Neste que é o Ano Internacional da Astronomia, serão destacadas na cerimônia as atividades da Divisão de Astrofísica do Inpe.

O Inpe

O Inpe atua nas áreas de Meteorologia e Mudanças Climáticas, Observação da Terra, Ciências Espaciais e Atmosféricas e Engenharia Espacial. Tem ainda laboratórios associados em Computação Aplicada , Combustão e Propulsão, Física de Materiais e Física de Plasmas. Presta serviços operacionais e singulares de previsão do tempo e clima, monitoramento do desmatamento da Amazônia Legal, rastreio e controle de satélite, medidas de queimadas, raios e poluição do ar, e realiza testes e ensaios industriais de alta qualidade.

As atividades do Inpe começaram em 3 de agosto de 1961, com a criação do Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Gocnae), que em 1963 passou a ser chamado Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Cnae). Com sua extinção em 1971, foi criado o Inpe, ainda como órgão vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimwento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT).

O Inpe é o principal órgão civil responsável pelo desenvolvimento das atividades espaciais no País. Ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tem como missão contribuir para que a sociedade possa usufruir dos benefícios propiciados pelo contínuo desenvolvimento do setor espacial.

A instituição também se dedica à prestação de serviços, como a distribuição de imagens meteorológicas e de sensoriamento remoto, e à realização de testes, ensaios e calibrações. Além disso, transfere tecnologia, fomentando a capacitação da indústria espacial brasileira e o desenvolvimento de um setor nacional de prestação de serviços especializados no campo espacial.

Um dos seus mais importantes programas é o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers), resultado de acordo de cooperação espacial com a China em 1988. Como resultado desta parceria, o Cbers-1 foi lançado em outubro de 1999 e o Cbers-2, em outubro de 2003. Hoje em operação, o Cbers-2B foi lançado em 2007. Até 2014, estão previstos os lançamentos do Cbers-3 e 4.

Também se destaca a plataforma orbital PMM – Plataforma Multimissão -, cujo primeiro projeto encontra-se em avançada fase de execução. A primeira PMM deve compor o satélite de sensoriamento remoto Amazônia-1, que permitirá o aumento da freqüência da produção de imagens e assim o acompanhamento mais imediato de fenômenos de grande impacto, tais como queimadas e desflorestamento. Dentro da categoria de Satélites de Sensoriamento Remoto, há ainda uma segunda missão, que prevê a colocação em órbita de um satélite com imageador radar.

O Inpe mantém, desde 1993, o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais. Hoje, o sistema é operado por dois satélites em órbita equatorial – o SCD-1 e o SCD-2, primeiros satélites nacionais, produzidos inteiramente no País – e um satélite em órbita polar – o Cbers-2B. O sistema conta hoje com mais de 750 PCD’s espalhadas pelo território nacional.

Com relação à área de Observação da Terra, destaca-se o Prodes – Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite. Com 20 anos de história, o Prodes é considerado o maior programa de acompanhamento de florestas do mundo, por cobrir os 4 milhões de km² de áreas florestais e por sua freqüência anual. Seu resultado mostra a taxa média e a estimativa da extensão do desflorestamento bruto da Amazônia brasileira e tem orientado a formulação de políticas públicas para a região.

Desde junho de 2004, o Inpe também opera o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que utiliza sensores com alta freqüência de observação para reduzir as limitações da cobertura de nuvens. A maior freqüência de observação permite que o Deter forneça aos órgãos de controle ambiental informação periódica sobre eventos de desmatamento, para que possam ser tomadas medidas de contenção.

Mais recentemente, entrou em operação o Sistema de Monitoramento de Áreas de Florestas Degradadas na Amazônia (Degrad). Em breve, serão lançados os primeiros resultados do Detex, sistema que verifica áreas de exploração seletiva de madeira.

Outro importante instrumento utilizado na preservação da maior reserva natural da Terra é monitoramento orbital de focos de calor, que fornece dados ao Programa de Prevenção e Controle às Queimadas e Incêndios Florestais no Arco de Desflorestamento, conhecido como Proarco, sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Clima

Com relação às atividades em Meteorologia, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTec) do Inpe, criado em 1994 e sediado em Cachoeira Paulista (SP), deu passos significativos nos últimos anos na manutenção de sua liderança como um dos mais completos núcleos de previsão meteorológica e climática do Hemisfério Sul e do planeta. Essa é uma área da ciência altamente vinculada ao desenvolvimento do País, em especial nos setores agrícola, energético e na conservação do meio ambiente. Graças aos recursos computacionais do Inpe, o Brasil está entre países com alta capacidade de processamento dedicado para operação e pesquisa em tempo e clima.

A área de Ciências Espaciais e Atmosféricas realiza pesquisas básicas e aplicadas com a finalidade de entender os fenômenos físicos e químicos que ocorrem na atmosfera e no espaço. E o Inpe também mantém atividades associadas à área espacial que desenvolvem pesquisas pura e aplicada, visando o domínio de tecnologias de ponta e de interesse estratégico às atividades espaciais nas áreas de sensores e materiais, física de plasma, computação científica e modelagem matemática.

Na área de infraestrutura de apoio a satélites, o Inpe tem dois laboratórios e um centro operacional. São eles: o Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC), e os laboratórios de Integração e Testes (LIT) e de Combustão e Propulsão (LCP). O LIT equipara-se aos melhores laboratórios do gênero no mundo, sendo o único em sua categoria no Hemisfério Sul. Inaugurado em 1987, realiza uma gama de testes, integração e montagem de modelos de satélites, subsistemas e componentes espaciais.

Outra atividade importante do Instituto é a recepção, gravação, produção e disseminação de dados de satélites nacionais e estrangeiros. A partir de 2004, numa iniciativa pioneira no mundo, o Inpe passou a disponibilizar gratuitamente pela internet as imagens do satélite Cbers.