Inseticida natural para controle do mosquito da dengue é desenvolvido no Maranhão
O período chuvoso sempre traz consigo o risco de surtos de dengue. A doença, que dependendo da gravidade pode levar à morte, se torna mais frequente nesta época do ano, já que o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, aproveita as poças de água que se formam naturalmente após as chuvas próprias do verão para se reproduzir.
Em 2014, quando o Ministério da Saúde divulgou o mapa da dengue no início do verão, o Maranhão possuía 24 municípios em situação de risco e outros 22 em situação de alerta. Agora, iniciadas novamente as chuvas, a preocupação ressurge.
Atualmente, o combate ao mosquito Aedes aegypti se resume à limpeza de locais que armazenam água e, principalmente, ao uso de inseticidas tóxicos que regulam o crescimento dos insetos. Buscando uma alternativa para o combate mais eficiente do mosquito, a pesquisadora Adriana Leandro Câmara coordena o estudo “Desenvolvimento de Compostos Inseticidas Naturais para o Controle do Aedes aegypti, Vetor da Dengue”.
“Nosso desafio é, a partir da obtenção do extrato hidroalcoólico das folhas do Nim (Azadirachta indica A. Juss), desenvolver novos produtos inseticidas naturais confiáveis sem efeito tóxico ao homem para o controle do Aedes aegypti na fase adulta, fase esta mais comum e presente diariamente nas casas das pessoas, viabilizando a produção em larga escala deste produto no mercado e contribuindo para a erradicação da dengue no nosso Estado assim como no Brasil e no mundo”, explica Adriana Câmara, que é farmacêutica e doutora em Ciências Biológicas.
Essa pesquisa tem como base um estudo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Macromoléculas e Produtos Naturais, implantado em 1999 no Departamento de Química e Biologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), sob a coordenação da Profa. Dra. Maria Célia Pires Costa.
O grupo, que congrega pesquisadores da UEMA e da UFMA em cooperação técnico-científica, desenvolveu o trabalho intitulado “Efeito do Extrato Hidroalcoolico das Folhas de Nim Indiano (Azadirachta Indica) no Controle do Aedes Aegypti L., mosquito transmissor da dengue”.
“Este projeto de pesquisa obteve resultados excelentes, onde o extrato deu origem a compostos inseticidas de concentrações de 25% e 20% do extrato, capaz de inibir 100% e 98,43% respectivamente a eclosão dos ovos de Aedes aegypti”, revela a pesquisadora, acrescentando que não foram observados efeitos tóxicos sobre os ratos tratados com o inseticida.
O composto inseticida foi, inclusive, objeto do pedido de Patente de Invenção intitulado: “Processo de Preparo e Aplicação de Compostos Inseticidas obtidos a partir do Extrato Hidroalcoólico das Folhas do Nim (Azadirachta indica A. Juss) para eliminação de ovos e larvas do Aedes aegypti”. “Todos estes estudos mostram que é possível obter um produto viável, de fácil manipulação e sem efeito tóxico”, salienta a pesquisadora.