Investimento público alavanca investimento privado em P&D, afirma Ipea

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Por Ivanildo Santos 13 de setembro de 2013

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Estudo realizado pela diretora de estudos e políticas setoriais do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), Fernanda de Negri, mostrou que empresas apoiadas com tecnologia pública tendem a investir mais em pesquisa e desenvolvimento do que as não apoiadas.

A pesquisa foi apresentada nesta terça-feira (10), na Câmara dos Deputados, durante a reunião da Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação (FPCTPI). Parlamentares e especialistas da área falaram sobre as políticas públicas de inovação e sua perspectiva para o futuro do País.

Dados do documento mostram que no primeiro ano, o investimento em P&D das empresas apoiadas com recursos públicos foi de 6,8%. No ano seguinte, 11,5%; seguido de 15,7% no ano posterior. No quarto ano, o investimento alcançou 26%. “O resultado mostra que efetivamente o investimento público alavanca o investimento privado em P&D”, observou.

Para a diretora, o documento também mostra que as empresas de grande porte, com mais de 500 funcionários, são as que mais ganham recursos das políticas públicas de inovação. “No entanto, as empresas que mais investem em P&D não são atendidas por estas políticas”, afirmou. E acrescentou “Temos que melhorar o foco para atingir mais empresas e as empresas que realmente investem na área”.

De acordo com Fernanda de Neri, as agências de fomento e órgãos do governo tem um cardápio de programas que disponibilizam recursos para diversos públicos, tais como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), depreciação, subvenção econômica, crédito subsidiado, capital de risco, lei de informática, entre outros.

“O que falta para melhorar e alavancar a área de pesquisa e desenvolvimento é dar mais fôlego para esses instrumentos, investir mais e focar nas áreas estratégicas”, observou. Para a diretora, grande parte dos recursos setoriais vai para universidades e institutos de pesquisa . “Ainda falta um gancho para que esse conhecimento gerado nas ICTs chegue nas empresas”, disse.

Para o assessor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), André Amaral, a gama de instrumentos para o financiamento é enorme, mas a grande pergunta para a “solução do problema” é como eles são organizados? “Nós temos hoje um cenário inaceitável em relação às operacionalizações de crédito. Elas oscilam de acordo com a mudança de governo. Um marco regulatório com essa regularização ajudaria a melhorar e ajustar os pontos”, observou.

De acordo com o assessor, uma sugestão é atacar de forma mais intensa os investimentos das instituições e empresas e criar um plano estratégico de investimentos em inovação. Segundo ele, isso seria uma tentativa de articular o programa de investimento no setor produtivo da economia com os produtores de inovação e o setor a ser atingido. “Temos que estabelecer setores estratégicos. Fazer um diagnóstico para indicar as áreas problemáticas, ter um ambiente institucional capaz de operalizar a política e ter programas estratégicos”, comentou.

O diretor do Centro de Gestão e Assuntos Estratégicos (CGEE) Fernando Cosme Rizzo tem a mesma opinião. “A coordenação das políticas públicas dos fundos de investimento passa a ser um fator chave. Temos que ter um padrão de financiamento para capacitar o setor produtivo brasileiro”.

Rizzo toma como base um estudo da “The Business School for the World (Insead)” em que o Brasil ocupa a 64% posição na área de inovação no mundo. Sendo que em 2012 o País ocupava a 58ª posição e, em 2011, a 53ª. Em 2009 o Brasil era o 5° no mundo. “A trajetória do País mostra oscilação no cenário mundial da inovação. Isso é falta de uma política pública no setor”, finalizou.