Lama retirada de porto será transformada em energia
Por ano milhões de toneladas de lama são retiradas do fundo dos portos de todo o Brasil. O resíduo é armazenado e depois despejado no oceano, em áreas onde causa menor impacto ambiental. Buscando evitar riscos à diversidade marinha e agregar benefícios à população, pesquisadores da Fundação Universidade Rio Grande (Furg), do Rio Grande do Sul, desenvolveram um projeto para transformar a lama coletada em energia elétrica.
O objetivo é criar uma Unidade de Tratamento de Sedimentos de Dragagem, que deve ser instalada ainda este ano no Porto do Rio Grande, no município gaúcho de Rio Grande. A dragagem é um procedimento em que uma embarcação recolhe do fundo do leito dos portos os sedimentos com uma espécie de aspirador. Esse processo é feito para manter a profundidade do local por onde os barcos e navios navegam.
Em lugar de despejar a lama no oceano ela será transferida para reatores na unidade de tratamento. Segundo a professora do Laboratório de Controle de Poluição da Escola de Química e Alimentos (EQA) da Furg e coordenadora do projeto, Christiane Ogrodowski, a energia elétrica é captada nesta fase. Eletrodos instalados nos tanques de armazenamento captarão os elétrons que são produzidos na decomposição da lama. Esses elétrons podem ser transferidos para baterias ou irem direto para a distribuição de energia.
“O projeto tem potencial de gerar 580 megawatts por hora, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de até 600 mil habitantes. É uma tecnologia inovadora”, afirma Cristiane. Para os próximos cinco anos, a expectativa é a de que sejam retiradas 6,5 milhões de toneladas de lama do Porto do Rio Grande
Coordenado e desenvolvido também pelo professor Fabricio Santana do EQA, o projeto será o primeiro no País a gerar energia elétrica a partir da lama. “É uma maneira de preservar o meio ambiente e ajudar a solucionar um problema mundial que é a destinação desse material dragadado. Além disso, economicamente é uma das melhores formas de produzir energia”, garante Christiane.
O projeto tem o apoio financeiro da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, do Porto do Rio Grande e da Furg. Considerado um dos portos mais importantes da América Latina, devido à sua posição geográfica e extensão, o porto gaúcho é o segundo mais importante do País para o comércio internacional brasileiro.