Maranhão é vencedor do Prêmio Finep em Tecnologia Social
É do povoado de Vinagre, no município de Itapecuru-Mirim, distante 110 km de São Luís, que saiu uma experiência inovadora que foi contemplada como a grande vencedora da edição 2012 do prêmio Finep, Agência Brasileira de Inovação, na categoria Tecnologia Social, região Nordeste. A “Padaria Comunitária com Aproveitamento do Mesocarpo de Babaçu” foi a grande vencedora. O projeto foi realizado com o apoio do governo por meio das secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia, do Trabalho, FAPEMA e do Sebrae. Produtos da padaria estão sendo comercializados na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece até sábado na área externa do São Luís Shopping das 9h as 20h.
Este ano o prêmio chegou à sua 15ª edição e foi disputada em nove categorias. O que tornou mais especial a premiação maranhense, foi o fato de, no ano passado, nenhum trabalho ter sido inscrito. Ao todo 588 projetos foram inscritos no Brasil. Na região nordeste foram 81, com treze finalistas. O trabalho maranhense vencedor surgiu a partir de uma ação conjunta de valorização das quebradeiras do coco babaçu, através da exploração sustentável da cadeira produtiva do babaçu.
O grupo das mulheres trabalhadoras acabou utilizando seus conhecimentos tradicionais sobre a quebra do coco e a extração do mesocarpo para realizar a transformação dele em alimento para o consumo humano. O diferencial ficou por conta da renda que as mulheres quebradeiras de coco passaram a ter com isso. “E essa tecnologia modificou a vida da cidade de Itapecuru, deu nova vida, novos resultados e acabamos com a situação de extrema pobreza naquela região”, explica Mariana Nascimento, coordenadora de economia solidária da Secretaria de Trabalho e Economia Solidária (SETRES).
Apesar de ter o seu sucesso reconhecido agora com a premiação do FINEP, o trabalho da padaria comunitária que é fruto das atividades da União do Clube de Mães do Município, já existe há pelo menos duas décadas. “Uma grande conquista, por exemplo, foi o fato dessas mulheres terem conseguido modificar a alimentação escolar incluindo na dieta os produtos oriundos do mesocarpo do babaçu, da produção delas”, esclarece Mariana.
Com a vitória, a União do Clube de Mães, que gerencia a padaria comunitária, recebeu o prêmio de R$ 200 mil reais. Mas na avaliação dos gestores, mais importante que o valor financeiro é o orgulho de ter um prêmio que levou o Maranhão a essa conquista e, principalmente, ao fato de gerenciar uma mudança de hábitos na realidade social do município. “É um orgulho que as mulheres estão tendo em ser reconhecidas por seu trabalho”, defende Mariana Nascimento.
A padaria hoje produz biscoitos, bolos e, com o mesocarpo do babaçu, conseguiu introduzir na refeição das escolas da cidade mingaus e bolos, graças a uma parceria com a CONAB. A renda conquistada no total com essa ação chegou a R$ 1.200,00 distribuída para cada integrante da parceria. Depois do sucesso dessa experiência o projeto foi diversificado e, há pelo menos quatro anos, a padaria também passou a produzir pães e bolos comercializados em todo o município. A fórmula deu tão certo que hoje já tem até sabonetes feitos com coco babaçu.
Para a coordenadora de inovação da Fapema (Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão), Hallyne Davinck Moreira, o trabalho de parceria foi essencial para que se chegasse a esse resultado final. Isso porque, da inscrição do projeto até a sua contemplação, tudo foi realizado através de uma sincronia entre diversas organizações. O Sebrae atuou no assessoramento técnico especializado, a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e a Fapema, foram os órgãos responsáveis em descobrir as potencialidades do projeto e divulgar a iniciativa do prêmio. “O resultado dessa força tarefa mostra que temos projetos que valem a pena ser investidos e mostram a força da inovação e do trabalho social que temos no Maranhão”.
No ano que vem, a edição nordeste do prêmio FINEP será realizada em São Luís, MA, o que torna o desafio maior em trazer para o estado o bicampeonato nessa premiação. “Nós esperamos que esse prêmio seja uma forma de atrair a outras empresas com esse viés social, com algo inovador. Que elas possam se sentir sensibilizadas a participar, se inscrever e mostrar que aqui se faz ciência voltada para o social e é possível fazer mais”, destacou a secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Rosane Nassar Meireles Guerra.