Museus investem em novas tecnologias com apoio da FAPEMA
As novas tecnologias trouxeram consigo a democratização do conhecimento, tanto no que diz respeito ao acesso à informação, como a produtos culturais. Aproveitando o momento, os museus entraram nessa onda para se aproximar do público, tornando seus acervos, antes contemplativos, interativos.
Grandes museus do mundo inteiro têm investido em novas tecnologias para incrementar a mobilidade do acervo, o engajamento do público e a informatização do relacionamento. E essas novas tecnologias também estão sendo utilizadas para as bandas de cá. O Museu Histórico de Alcântara, por exemplo, com o apoio da FAPEMA, já conta com um tour virtual, onde qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pode acessar e conhecer seu acervo.
De forma pioneira, a FAPEMA lançou, em 2013, um programa de conservação de acervos museológicos que tem ajudado os museus maranhenses a se adequarem à Era da Informação. Assim como o Museu Histórico de Alcântara, o Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão (CPHNAMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, foi uma das instituições contempladas pelo edital de Acervos Museológicos da Fundação em 2013.
Sob a coordenação da Encarregada do Serviço de Arqueologia, Eliane Gaspar Leite, o projeto “Implantação do Espaço Interativo ‘Lugar de Memória’ no Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão” pretende implantar um espaço voltado para a comunicação museal multimídica, visando ampliar o âmbito de alcance das ações educativas na área de apresentação de acervos patrimoniais.
“Em âmbito geral, a ampliação física das exposições com a implantação da sala ‘Lugar de Memória’ propiciará a incorporação e desenvolvimento de um espaço que contemple não apenas o aprimoramento expográfico em si, com a utilização de uma nova linguagem, mas também a inauguração de uma nova forma de comunicação museal direcionada à incorporação de recursos multimeios como instrumentos interativos de ações didático-pedagógicas voltadas à educação patrimonial, programa que vem sendo desenvolvido de maneira informal desde a fundação do CPHNAMA”, explica Eliane Leite.
O acervo institucional do Centro de Pesquisa é apresentado em três exposições temáticas: a arqueológica, composta de artefatos, objetos ritualísticos e utilitários, alguns remetendo a 9.000 anos de antiguidade; a etnográfica, que exibe objetos representativos da cultura material indígena produzida pelos povos pertencentes às oito etnias presentes no Maranhão; e a paleontológica, que ilustra a ambiência pré-histórica local por meio de réplicas da mega fauna, como também fósseis de plantas e animais existentes no Maranhão há 95 milhões de anos.
“A utilização de novas tecnologias que propiciem e favoreçam o envolvimento do público visitante na comunicação museal visa assegurar a divulgação do acervo patrimonial, como também a otimização do processo comunicacional, suscitando o interesse e a coparticipação do visitante na valorização e preservação da memória e herança cultural pregressa”, conta a coordenadora do projeto, revelando que a instituição sediada em um sobrado colonial de 660 m² recebeu, em 2012, aproximadamente 20.000 visitantes oriundos da comunidade local, interiorana e turistas nacionais e estrangeiros.
Lugar de memória
A montagem do ambiente interativo consiste na adaptação das instalações atuais e na montagem da nova ambiência interativa, abrangendo composição cenográfica e iluminação do espaço que receberá o equipamento áudio visual (lousa interativa), projetor multimídia, painéis ilustrativos, transparências, além de eventuais recursos didáticos convencionais. O projeto está em fase de finalização e a previsão é que seja inaugurado no dia 20 de maio, durante a Semana Nacional dos Museus.
“O caráter lúdico e mais acessível proporcionado por novos recursos comunicacionais permitirão uma democratização e popularização das ações educativas patrimoniais e caracterização mais fidedigna do processo composicional e construtivo do território e sociedade maranhense desde o passado mais remoto até os dias atuais”, saliente Eliane Leite.
O trabalho conta com a participação de profissionais especializados na área de design, iluminação e informatização voltados à expografia de mostras e exposições de acervos de comunicação patrimonial para promover a execução do espaço expositivo, a iluminação cenográfica e a orientação na elaboração e montagem dos suportes, painéis e recursos eletrônicos interativos.
A disponibilização à comunidade em geral e visitante de um espaço dedicado ao resgate e divulgação da memória em suas interfaces arqueológica, etnológica e histórica inseridas em seus respectivos contextos visa contribuir informando o público frequentador da instituição sobre os diferentes fatores, nuances e influências orientando a construção da identidade local.
“A moderna museologia discute a crescente função social dos museus, que não mais representam meros depósitos de objetos de valor histórico-cultural. Atualmente, esses espaços vêm assumindo a condição de mediadores e interlocutores em questões como resgate de identidades e consolidação de cidadanias”, finaliza a coordenadora do projeto.