No ‘Dia Mundial da Meteorologia’ profissionais da área ressaltam importância da ciência

NUGEO
Por Ivanildo Santos 23 de março de 2012

Nesta sexta-feira (23), é comemorado o “Dia Mundial da Meteorologia”. A data marca a criação da Organização Meteorológica Mundial (OMM), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata do comportamento da atmosfera terrestre. Mas você sabe qual a importância dessa ciência?

O trabalho dos meteorologistas vai além do que você vê no dia a dia, nos jornais, TVs, rádios ou portais. A informação da previsão do tempo, que nos ajuda a escolher que tipo de roupa se vai usar em determinado dia, ou se devemos levar o guarda-chuva ou não, é apenas uma vertente do amplo trabalho desses profissionais. Os meteorologistas trabalham, ainda, no estudo de mudanças do clima – conjunto de elementos que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma região ao longo do tempo –, no monitoramento de queimadas e da poluição nas grandes cidades, além da elaboração de previsão estendida para uso na agricultura, aviação civil e militar, lançamento de foguetes – como ocorre no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, que conta com uma estação de previsão do tempo –, e registro de temperaturas e condições para estudos futuros.

Atualmente, o Brasil conta com dois grandes institutos que elaboram a previsão do tempo: o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), localizado no município de Cachoeira Paulista (SP), e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília (DF). O Inmet foi criado em 1909 e é ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Já o CPTEC/Inpe, criado em 1995, é o centro mais avançado de previsão e clima da América Latina.

Tecnologia avançada

A sede do CPTEC/Inpe – com seis mil metros quadrados de área construída –, em Cachoeira Paulista, abriga, hoje, equipamentos de ponta que colocaram o Brasil na vanguarda da tecnologia aplicada na previsão do tempo. Com o supercomputador Tupã, os brasileiros estão em 29° lugar na lista dos 500 sistemas computacionais mais rápidos do mundo.

O supercomputador é capaz de realizar 258 trilhões de cálculos por segundo e é o terceiro mais poderoso entre os supercomputadores dedicados à previsão do tempo no mundo. Todo o aparato tecnológico – que inclui, ainda, redes de satélites – e os investimentos feitos na área garantem uma previsão do tempo mais precisa.

NUGEOPrevisão do tempo no Maranhão

O Maranhão conta, também, com diversas estações que elaboram previsões regionais e enviam dados de monitoramento do tempo para institutos nacionais de meteorologia, como o CPTEC/Inpe e o Inmet. Uma das estações está no Laboratório de Meteorologia (Labmet), que pertence ao Núcleo Geoambiental (Nugeo) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). A estação fica na Cidade Universitária Paulo VI, no Tirirical, em São Luís, e conta com cinco meteorologistas em sua equipe: Andréa Helena Machado dos Santos, Carlos Márcio de Aquino Elói, Gunter de Azevedo Reschke, Hallan David Velasco Cerqueira, todos com mestrado na área, e o engenheiro agrônomo Carlos Wendell Soares Dias.

O chefe do Labmet, Gunter de Azevedo Reschke, está no Maranhão desde dezembro de 1996, quando ajudou a implementar o, então, Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos. Ele explica que a meteorologia possui diversas vertentes. “A meteorologia é uma ciência que foi ‘fatiada’ em várias atividades. Você tem desde a meteorologia aeronáutica, a meteorologia naval, a meteorologia sinótica (que estuda a atmosfera terrestre), meteorologia agrícola, até a meteorologia espacial. Então, existem várias linhas de pesquisa”, disse. O laboratório pelo qual responde atende, ainda, a algumas empresas, elaborando previsões e estudos específicos para determinadas áreas, como nos casos do Consórcio Estreito Energia (Ceste), Suzano Papel e Celulose, Petrobras, entre outros empreendimentos presentes no Estado.

O Labmet conta, agora, com uma parceria com o objetivo de obter dados registrados pelo radar meteorológico do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), localizado no aeroporto de São Luís, um investimento de R$ 10 milhões do Ministério da Defesa. O Sipam conta com outros 11 radares espalhados pela região amazônica. O sistema, recém-inaugurado, já detectou alguns fenômenos na região norte do Maranhão, como o tornado registrado em Raposa, região metropolitana da capital, em fevereiro deste ano.

“No Brasil, poucos Estados têm um radar para operar, que, hoje, nós já temos. Não é nosso, mas nós temos essa parceria com o governo federal, por meio do Sipam, que nos dá condições de, pelo menos, usar, monitorar e até avaliar com eles, fazer trabalhos, publicá-los, etc. De olhar por dentro da nuvem, porque o radar te dá o perfil dessa nuvem, se ela tem descarga atmosférica, raios, se ela tem granizo, se ela tem água precipitável no interior dela”, ressalta. Até o fim do semestre, o Labmet terá, ainda, a possibilidade de usar um novo sistema de satélite, o Metcast, fruto de uma parceria entre Inglaterra, Alemanha e França. Depois de configurados os equipamentos, a estação maranhense poderá usar dados do satélite até 31 de agosto de 2014, quando termina a licença dada ao Labmet.NUGEO_2

Aperfeiçoamento

Para estarem atualizados com as mudanças climáticas, os profissionais participam, constantemente, de diversas conferências e seminários sobre o clima, como a “Reunião de Análise Climática para o Setor Leste do Nordeste”, que está em sua quarta edição e ocorreu entre os dias 19 e 20 de março em Recife (PE). O Maranhão teve como representante no evento o meteorologista Carlos Márcio de Aquino Elói. As reuniões têm início em São Luís, geralmente realizadas no mês de novembro.

Oportunidade

Para quem quer ingressar na meteorologia, o chefe do Labmet adiantou que o Núcleo de Tecnologias para Educação (UemaNet) irá lançar, neste ano, edital para o “Curso Técnico em Meteorologia à Distância”, recém-aprovado pelo Ministério da Educação (MEC). As aulas têm início previsto para o mês de agosto. Os interessados devem ter o segundo grau completo.