Os males de uma alimentação pouco saudável são tema de pesquisa
Não é à toa que o açúcar e o sal são chamados por alguns especialistas pelo apelido de “vilões brancos da saúde”, numa referência à cor desses ingredientes tão necessários no preparo dos alimentos. Estudos demonstram que o consumo excessivo do sal e açúcar têm relação com doenças como diabetes e a hipertensão arterial. O uso não é condenado. O problema está no exagero, tão comum na hora de adoçar o cafezinho ou temperar a batatinha frita.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a população consuma por dia 5 gramas de sal. O problema é que estatísticas do Ministério da Saúde, no Brasil, apontam que hoje o brasileiro consome em média doze gramas de sal por dia, mais que o dobro do que é aconselhado.
Esses dados motivaram a pesquisadora Sandra Fernanda Loureiro de Castro Nunes, doutora em Farmácia, a iniciar um estudo sobre “a prevalência da hipertensão arterial, avaliação do índice de massa corporal e prestação de informações preventivas na comunidade maranhense”. O foco da investigação está nos males atribuídos a uma alimentação pouco saudável e como pode ser feito um trabalho de orientação preventiva entre a população. O trabalho está sendo desenvolvido com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Negros e Índios – A primeira etapa do projeto foi iniciada em São Luís. Mas a intenção, segundo especificado na proposta, é levar também a pesquisa para moradores de uma aldeia indígena no município de Grajaú, distante 574 km da capital. A explicação para a escolha da aldeia está no fato do Maranhão ter uma das maiores diversidades de etnias, destacando-se a etnia negra e os indígenas.
Estudos indicam que pessoas negras têm até duas vezes mais chances de ter pressão alta do que os brancos. No caso dos índios, o Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição de Povos Indígenas, concluído em 2010 (feito pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, com financiamento do Banco Mundial), aponta que em 113 aldeias, de todo o país, foram observadas a ocorrência de obesidade, diabetes mellitus e hipertensão arterial, sendo que a pressão alta atinge mais de 15% dessa população.
A pesquisa foi iniciada na Faculdade Pitágoras, em São Luís, e hoje também está sendo executada na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com o apoio da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Universidade de Coimbra, em Portugal. Na primeira fase, constou da medição dos valores de pressão arterial na comunidade acadêmica. “Muitos universitários nunca fizeram a aferição da pressão arterial. E como essa é uma doença que não apresenta sintomas, eles podem estar com uma pressão arterial alterada, mas que pode ser controlada apenas adotando um estilo de vida mais saudável”, pondera a pesquisadora e coordenadora do estudo, Sandra Loureiro.
Na segunda fase do projeto, além de investigar os valores da pressão arterial será avaliado também o IMC (índice de massa corporal) dos voluntários, realizando assim uma correlação estatística dos estudos entre pressão arterial elevada e excesso de peso. “O que nós queremos fazer é aferir a pressão para saber se está normal. Se não estiver, vamos prestar informações para levar ao tratamento”. A pesquisadora é auxiliada em seu trabalho por pelo menos dez estudantes bolsistas.