Pesquisa analisa potencial da ostra como bioindicadora de poluição aquática

Pesquisa analisa potencial da ostra como bioindicadora de poluição aquática
julho 16 13:29 2015

ostraAnálises feita com amostras de ostras coletadas no município da Raposa indicam que os tecidos destes moluscos apresentam contaminação por coliformes totais, E coli, bactérias mesófilas, e Aeromonas hydrophila. O estudo do molusco bivalve, que é comumente consumido cru no litoral maranhense, está sendo realizado pela professora doutora, Francisca Neide Costa, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), que analisa amostras de ostras coletadas no município para quantificação da atividade enzimática dos biomarcadores bioquímicos.

Os resultados do trabalho, que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital Universal, também comprovam que as amostras de água apresentam contaminação por coliformes totais e Escherichia coli. Tais resultados, segundo explica a pesquisadora, estão relacionados ao fato de que os locais de extração das ostras encontram-se próximos ao meio urbano, o que favorece a ocorrência de vários fatores que contribuem para a presença destes microrganismos, como o lançamento de esgotos próximos aos locais de captura.

“Os biomarcadores químicos apresentaram atividade enzimática alterada, principalmente a glutationa s-transferase, indicando que os organismos analisados possivelmente estão agindo em resposta à biotransformação de contaminantes provenientes de esgotos descarregados nas áreas de extração do molusco”, revela Francisca Neide. “Os procedimentos adotados para a obtenção das ostras até chegar ao consumidor final são precários, demonstrando deficiência nas condições higiênicas e sanitárias, o que expõe o alimento a contaminação ambiental, seja por microrganismos patogênicos ou deteriorantes”, completa.

Foram coletadas ostras em bancos naturais, nos municípios da Ilha de São Luís e água desses locais de extração. O material coletado foi encaminhado para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Água do Centro de Ciências Agrárias/UEMA, onde as amostras foram submetidas a análises microbiológicas, por meio de métodos analíticos oficiais para detecção de microrganismos indicadores de qualidade higienicossanitária.

Parte das amostras de ostras foram transportadas para o Laboratório Ecologia Aquática e Pesca (Uema), onde, em seus tecidos, foram analisadas as enzimas glutationa s-transferase e catalase (biomarcadores químicos de estresse ambiental) através de espectrofotometria.

Além das análises laboratoriais, foi aplicado um questionário junto aos marisqueiros de ostras, para o conhecimento de questões socioeconômicas e percepção higienicossanitária adotado durante o processo de extração até a comercialização desses organismos.

A pesquisa surgiu, segundo explicou a professora, a partir da constatação de que a ostra é um alimento bastante consumido na Ilha de São Luís e que esta é consumida pelos turistas e pela população da capital, cruas, sem nenhum tratamento prévio.

“Um alimento consumido sem prévio cozimento, representa um risco para a saúde dos consumidores e, em se tratando das ostras, que se alimentam por um sistema de filtro, filtrando a água do local em que habitam, retendo todas as impurezas e corpos estranhos, este risco aumenta muito mais, podendo veicular patógenos para os consumidores desse alimento”, observa Neide.

A professora explica que por utilizarem sistema de filtro para se alimentarem, se as águas dos locais de extração de ostras estiverem poluídas, estas podem acumular passivamente microrganismos e substâncias presentes nessa água, razão pela qual esses moluscos podem ser usados como bioindicadores da qualidade higienicossanitária do ecossistema aquático.

“Ao final da pesquisa, a sociedade será beneficiada com as informações científicas sobre um alimento bastante consumido e que faz parte da fonte de renda de muitos marisqueiros e, principalmente sobre os cuidados a serem adotados durante a comercialização do produto; processo de depuração antes de comercializar; transportar em isopor com gelo de qualidade”, finaliza Francisca Neide.