Pesquisa avalia processo de contaminação ambiental da Bacia do Bacanga

Pesquisa avalia processo de contaminação ambiental da Bacia do Bacanga
julho 23 14:12 2015

0baciaO processo de contaminação ambiental da Bacia do Bacanga é o foco de estudo da professora doutora Débora Martins Silva Santos, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). O objetivo da pesquisa é alertar a população do entorno da bacia sobre o risco tanto para a saúde dos peixes, quanto para as pessoas que consomem esses recursos pesqueiros.

Com uma rica biodiversidade associada ao manguezal, a área do rio Bacanga sofre com os problemas ambientais oriundos da intensa urbanização. Problemas como assoreamento, inundação, urbanização do mangue (aterramento), lançamento de lixo nas margens, desmatamentos, queimadas, contaminação das águas por esgoto lançado in natura e eutrofização das águas da Barragem do Bacanga, são identificados na área.

Os resultados já obtidos da análise da água mostraram que os valores de pH e temperatura nas coletas realizadas estavam de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente, n° 357 de 2005. Já o oxigênio dissolvido encontrado foi bem abaixo do padrão estabelecido.

Estes níveis de oxigênio baixíssimos associam-se a decomposição de matéria orgânica oriunda da biomassa das algas, dos detritos de macrófitas aquáticas e da carga orgânica dos esgotos domésticos. Por outro lado, como observa a pesquisadora, teores baixos podem ser indicativos de intensa atividade bacteriana decompondo a matéria orgânica lançada no corpo d’água e comprometendo a saúde dos peixes da Bacia do Bacanga.

Débora conta que ao analisar os órgãos dos peixes da Bacia do rio Bacanga observou-se lesões. “O aparecimento das lesões nos tecidos das brânquias e do fígado dos exemplares de camorins e bagres demonstraram que eles estão reagindo a diversos xenobióticos (substâncias estranhas) presentes na água, prejudicando o funcionamento normal desses órgãos”, diz a pesquisadora que realiza o trabalho com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), por meio do edital Universal.0bacanga

“Muitas famílias da grande São Luís, especificamente a área Itaqui-Bacanga, sobrevivem da pesca artesanal, porém, essas famílias hoje perpassam por difíceissituações, pois, diariamente são lançados no rio esgoto in natura. Alterações morfológicas como mecanismos de defesa aos estressores ambientais nos peixes, serãoindicativo de risco à população que faz uso deste recurso e poderão subsidiar decisõesem relação ao manejo/planejamento desta importante bacia hidrográfica urbana”, completa Débora.

A pesquisa, segundo explicou, surgiu por meio da observação dos problemas ambientais que a Bacia do Bacanga vem apresentando em decorrência da ação do homem. Assim nasceu o projeto “Uso de biomarcadores histopatológicos em peixes como ferramenta na avaliação da contaminação ambiental da Bacia do Bacanga, São Luís-MA”, que está em desenvolvimento pelo grupo de pesquisa Biologia e Ambiente Aquático, coordenado pela professora.

A pesquisadora destaca que os biomarcadores histopatológicos são uma ferramenta sensível, rápida e de baixo custo utilizada para avaliar os efeitos dos poluentes em órgãos específicos através do surgimento de lesões em brânquias e fígado.“Este método de estudo não especifica o tipo de contaminante, mas a resposta biológica provocada pela exposição a um xenobiótico (substância estranha) presente no ambiente, gerando informações iniciais sobre a saúde dos peixes”, conta.