Pesquisa avalia vulnerabilidade à toxidade do formaldeído por profissionais da beleza

Pesquisa avalia vulnerabilidade à toxidade do formaldeído por profissionais da beleza
maio 04 17:41 2015

alisar-o-cabeloO uso de produtos cosméticos que têm a função de alisar, relaxar, amaciar ou reduzir o volume dos cabelos tem crescido nos últimos anos. Na busca incessante pelo cabelo liso, muitas mulheres se ariscam utilizando produtos cosméticos capilares denominados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de grau de risco II. Esses são produtos que contêm substâncias potencialmente toxicas para o organismo humano, causando um risco também para os profissionais de beleza que estão expostos a um grande número de produtos químicos no ambiente de trabalho.

Entre tais produtos estão incluídos os com potenciais carcinogênicos como o formaldeído, substância presente em grande parte dos produtos utilizados para o processo de alisamento capilar. Quanto aos profissionais, pouco se sabe a respeito da perspectiva em relação à sua saúde no ambiente de trabalho.

Este fato impulsionou a professora Luciana Barbosa Corrêa, com o apoio da FAPEMA por meio do edital Prociência, a desenvolver a pesquisa “Avaliação da vulnerabilidade à Toxicidade do Formaldeído por profissionais da beleza”, com o intuito de investigar sobre qual seria a vulnerabilidade e a percepção destes profissionais sobre a toxicidade do formaldeído no ambiente de trabalho, a fim de se obter um melhor entendimento sobre a realidade vivenciada por eles.

“Apesar de ser um composto produzido normalmente pelo organismo humano, o formaldeído não é bem absorvido pela via dérmica e, quando utilizado em doses acima do recomendado pela ANVISA pode causar vários graus de toxicidade e até mesmo câncer”, alerta a professora.

“Em geral os consumidores desconhecem as conseqüências do uso inadequado desse composto, muita das vezes porque não tem curiosidade ou porque o profissional não tem conhecimento suficiente para explicar sua composição e seus efeitos”, completa Luciana Corrêa.

O trabalho foi desenvolvido por meio de dois estudos. No primeiro foi realizada uma pesquisa com 23 profissionais da beleza do município de Itapecuru-Mirim, de ambos os sexos, com idade variando de 20 a 50 anos, com mais de um ano utilizando formaldeído para procedimento de alisamento capilar, para diagnosticar a relação de seus conhecimentos de Química básica com os procedimentos realizados nos salões de beleza e suas percepções em relação à saúde no ambiente de trabalho e à toxicidade do formaldeído. No segundo estudo foi realizado um minicurso com 154 alunos da 1ª e 3ª série do Ensino Médio do Centro de Ensino Itapecuru-Mirim.

Resultados

Por meio do estudo ficou constatado que a maioria dos profissionais já estudou a disciplina Química, mas não conseguem contextualizar e trazer esses conteúdos para a Química Estética Capilar com a qual lidam nos seus cotidianos, o que compromete muitas vezes os procedimentos realizados por eles.

“Vários fatores sugerem que o formaldeído oferece riscos que interferem na saúde dos profissionais, como: a não utilização de todos os equipamentos de proteção necessários, a falta de medidas de proteção coletiva, ambiente de trabalho sem ventilação adequada, a falta de acesso a informações concretas sobre a toxicidade do formaldeído e seus potenciais riscos”, observa Luciana.capilar2

A percepção dos sintomas mais frequentes de intoxicação aguda foram irritação e ardência ocular, tosse e bronquite, sintoma de intoxicação crônica mais relatada entre os profissionais de maior faixa etária de idade, o que pode ser decorrência do maior contato de exposição com o produto ao longo do tempo.

A partir do trabalho, segundo informou a professora, espera-se consolidar uma linha de pesquisa sobre a temática “Química da Estética Capilar” de forma inter-relacionada e contextualizada, sendo explorados conhecimentos de Química e Saúde em estreita relação com suas aplicações e implicações sociais envolvendo diferentes sujeitos como os profissionais da beleza e alunos do ensino médio.

A Química da Estética Capilar pode contribuir para uma aprendizagem significativa da Química e Saúde tanto pelos profissionais da beleza, que estão cronicamente expostos aos riscos, resultando em uma melhor compreensão da Saúde no ambiente de trabalho e da metodologia Química utilizada nos procedimentos empregados nos salões de beleza, quanto no contexto escolar pela relação estabelecida pelos alunos com o mundo que os cerca. “Além de evidenciar as implicações à saúde causada pelo formaldeído em produtos capilares e a necessidade de adotar medidas coletivas de práticas educativas e preventivas que envolvam os profissionais da beleza”, finaliza a pesquisadora.