Pesquisa identifica novas espécies de peixes no Parque Estadual do Mirador
Uma lei estadual, da década de 1980, criou na região centro-sul do Maranhão, em uma área de 437 mil hectares o Parque Estadual do Mirador, considerado a maior unidade de conservação ambiental do estado. A rica biodiversidade é um dos destaques do parque que é muito utilizado por estudiosos para analisar espécies ameaçadas de extinção e para catalogar a diversidade existente no lugar.
Pensando nisso, o pesquisador Nivaldo Magalhães Piorski começou a desenvolver em 2011 um projeto que tem como objetivo principal fazer o levantamento das espécies de peixes que ocorrem na rede hidrográfica do Parque Estadual do Mirador. A pesquisa é Diversidade da Fauna de Peixes do parque Estadual do Mirador – Maranhão realizada, também, por pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão- UFMA, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, além de seis alunos de graduação e dois mestrandos.
As análises acontecem nos rios Alpercatas e Itapecuru, que conhecidamente são responsáveis por boa parte do abastecimento de água em várias cidades do Maranhão. Os pesquisadores constataram que em vários trechos, apesar de estarem em área de preservação, os rios apresentam grande quantidade de área descaracterizada, resultado de manejo inadequado, queimadas e desmatamentos. “As principais ameaças ao parque ainda vêm de fora, pois o seu entorno está sendo ocupado por ex-moradores do interior do parque, fazendeiros e grandes empresas do setor agropecuário. Estas empresas, ao substituir a vegetação por grandes plantações de soja e cana, alteram as condições naturais de várias nascentes de afluentes dos dois rios”, revelou Nivaldo Piorski. Ainda assim, ele reconhece que a unidade de conservação do Parque do Mirador é a que apresentada um dos melhores esquemas de fiscalização no estado.
O projeto está na fase de consolidação de resultados: até agora, os pesquisadores já conseguiram identificar aproximadamente 60 espécies de peixes, o que significa uma grande diversidade para áreas de nascentes, já que esse número representa quase o dobro das espécies notificadas por um trabalho publicado recentemente sobre o rio Itapecuru.
De acordo com o levantamento, dentre as espécies identificadas há duas ocorrências novas para essa região dos rios e a suspeita de pelo menos uma nova espécie de peixe. “O principal resultado foi a constatação que boa parte das novidades da lista de espécie veio dos peixes coletados em riachos, que são áreas que nunca haviam sido amostradas”, esclareceu Piorski. Com essa constatação, o pesquisador pretende agora buscar novos recursos para dar continuidade ao estudo, ampliando a pesquisa que passaria a ter o foco nos riachos.
O projeto foi aprovado no Edital APP-UNIVERSAL 2011 da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA. “Graças à Fundação, nos últimos anos, muitos pesquisadores de instituições maranhenses tem conseguido recursos para produzir suas pesquisas. A FAPEMA vem se tornando a mais importante fomentadora de pesquisa no Maranhão”, frisou o pesquisador.